Medo
Homem confessa ser autor 41 mortes no Rio de Janeiro
Nos últimos meses apareceram pelos menos três casos de assassinato em série cometidos no Brasil: o Caso do Assassino de Goiânia (clique AQUI para recordar), o segurança paulista que assassinava moradores de rua (clique AQUI para recordar) e o caso de Sailson José das Graças, que admitiu ter matado 42 pessoas no Rio de Janeiro, que veremos a seguir.
Um homem que foi preso em flagrante após matar Fátima Miranda a facadas em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, confessou à polícia ser um assassino em série. Durante o depoimento, Sailson José das Graças, de 26 anos, disse já ter matado outras 42 pessoas nos últimos nove anos, sendo 38 mulheres, três homens e uma criança. Com frieza, ele contou como planejava os crimes.
“Ficava observando a vítima, estudando. Esperava um mês, às vezes uma semana, dependendo do local. Eu procurava saber onde ela mora, como é a família dela, se ela passava na rua, via, dava uma olhada na casa, ficava estudando ela. De madrugada, numa brecha da casa, numa facilidade, eu aproveitava, entrava”, detalhou o preso na delegacia.
As vítimas preferidas dele eram mulheres brancas e moradoras Baixada Fluminense. O delegado responsável pelas investigações afirmou que acredita na confissão e na participação de Sailson nos assassinatos, pois só uma pessoa que estava nos locais dos crimes poderia relatar tudo com tantos detalhes.
“A vontade dele de matar era por mulheres e ele não matava mulheres negras, só brancas. Ele seguia a vítima, estudava passo a passo até conseguir concretizar o delito”, explicou o delegado Pedro Henrique Medina, titular da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Segundo a polícia, Sailson é um psicopata e agora os agentes estão comparando as informações da confissão com os inquéritos de cada um dos crimes.
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Delegados da DH acreditam na confissão |
O criminosos contou que ficava mais tranquilo ao praticar os crimes. “Quando eu não fazia, eu ficava nervoso, andava pra lá e pra cá dentro de casa. Aí quando eu fazia já ficava mais tranquilo. Fazia uma vítima ali, aí podia ficar uns dois meses sem fazer, uns três meses. Ficava na boa, só pensando naquela que eu matei. Aí, saía para a caçada”, afirmou.
O homem também revelou o que fazia para não ser identificado e afirmou que não tinha medo de ser preso, pois gostava de cometer os crimes.
“Eu não matava com preocupação de ir pra cadeia não. Fazia as coisas bem feito, é por gostar mesmo isso. Preocupava mais com a digital, se o local tem câmera, se o local não tem câmera. Eu não levava documento, não levava nada que desse pista para a polícia”, disse.
'Eu gostei e comecei a acostumar', diz assassino.
Durante o depoimento, ele ainda confessou a morte de uma criança de dois anos e disse que cometeu o crime porque tinha medo que os vizinhos ouvissem o choro dela depois que a mãe foi assassinada. Sailson falou aos policiais que começou a cometer crimes ainda na adolescência.
“Comecei a roubar coisas pequenas, fazer pequenos furtos. Aí fui crescendo e tendo outros pensamentos diferentes. O pensamento foi mudando, entendeu? De roubar, fui começando a pensar em matar. Com 15 anos, roubava bolsa. Depois, com 17, eu matei a primeira pessoa. Deu aquela adrenalina, a primeira mulher. Aí veio na mente a cadeia. Será que eu vou preso? As coisas fluíram bem. Aí foi vindo na mente de fazer mais e mais. E eu gostei e comecei a acostumar”, disse ele, friamente.
O delegado Pedro Henrique Medina ficou surpreso com o relato do criminoso e afirmou que a riqueza de detalhes do depoimento indica a participação dele nas mortes.
“Confesso que é a primeira vez que eu vejo um elemento com a psicopatia de um serial killer. Apesar desses casos serem retomados agora, a gente pode perceber uma riqueza de detalhes muito grande. Em alguns casos que ele noticiou aqui e já fizemos uma busca em sistema já evidenciamos mulheres ou pessoas que ele executou de uma forma em determinada localidade do cômodo. Sinais que só a pessoa que estaria na cena do crime teria essa impressão”, afirmou o delegado.
Sem arrependimento
Os assassinatos foram cometidos ao longo de nove anos. Durante o depoimento, ele também disse que mata por encomenda, a pedido de uma mulher e do ex-marido dela, que também foram presos pela polícia.
“Ela me bancava. Em troca disso, era água, comida, teto, roupa nova, dinheiro pra mim (sic) comprar as necessidades. Tudo por conta deles e, em troca disso, a alma dos caras”, afirmou. Após diligências, os agentes localizaram e prenderam Cleusa Balbina, José Messias e Sailson Jose das Graças, que apresentaram informações contraditórias. Sailson contou que os crimes encomendados era praticados com faca, mas quando matava por conta própria ele estrangulava as vítimas.
Com muita frieza, ele também revelou não ter arrependimentos. “Não me arrependo não. Pra mim o que fez, tá feito. E não volto atrás, não tenho nenhum arrependimento. Se eu sair daqui a uns 10, 15 ou 20 anos, eu vou voltar a fazer a mesma coisa. É a vontade mesmo, não tem jeito. Eu saio, escolho as minhas 'mulher', as mulheres do meu perfil, e se achar que tem que ser, vai ser”, afirmou o assassino.
Segundo o delegado Pedro Medina, o suspeito tem quatro passagens pela polícia; uma por furto em janeiro de 2007, outra por roubo em agosto 2007, uma por porte de arma em fevereiro de 2010 e outra por furto em fevereiro de 2014.
A polícia agora conta com a colaboração dos parentes das vítimas que foram assassinadas ao longo desses nove anos para obter informações que colaborem com as investigações. Ele passou a noite na Divisão de Homicídios e deve ser levado, na manhã desta quinta-feira (11-12-14), para um presídio no Rio de Janeiro.
Crimes encomendados
Segundo a polícia, quatro crimes cometidos por Sailson José das Graças foram encomendados por Cleusa Balbina e José Messias. Paulo Vasconcelos, de 52 anos, morreu em dezembro de 2011, no bairro Amaral, em Nova Iguaçu, por causa de uma dívida de R$ 40.
Francisco Carlos Chagas, de 49 anos, foi morto a facadas, no bairro Corumbá, também em Nova Iguaçu, no dia 23 de outubro de 2014. A morte teria sido encomendada pela Cleusa por causa do roubo de um celular.
Raimundo Basílio da Silva, 60 de anos, morreu no dia 30 de novembro de 2014, no bairro Santa Rita, no mesmo município, por causa de uma desavença com Cleusa. A última vítima, Fátima Miranda, teve a morte encomendada por José Messias, após uma discussão com Cleusa.
"Vou sair para a caçada", dizia Sailson José das Graças, de 26 anos, para a companheira Cleuza Balbina de Paula, de 42 anos, que também foi presa na ultima quarta-feira (10), junto com o ex-marido dela José Messias. Os três moravam juntos na mesma casa no bairro Corumbá, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, desde o início deste ano. Segundo a investigação, Cleusa sustentava Sailson e pagava pelos crimes encomendados dando dinheiro, roupas e comida.
Livros e filmes eram inspiração
Ele contou ao delegado Marcel Machado que estudou até o quinto ano do primeiro grau e que gostava de ler livros na biblioteca da prisão e de ver filmes policiais, de onde teria aprendido algumas técnicas para não deixar vestígios dos crimes, como usar touca, luvas ou cortar as unhas das vítimas quando havia luta corporal.
"Às vezes pensava que eu era meio maluco, mas outras vezes achava que era normal. Matava porque gostava. Não me arrependo e, quando sair [da cadeia], provavelmente vou matar de novo", disse, friamente, na delegacia.
As sobreviventes
A Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, que investiga os assassinatos que Sailson José das Graças, diz ter cometido, pede a colaboração de uma possível sobrevivente do serial killer. Durante depoimento, ele confessou ter deixado uma das vítimas viva após três tentativas frustradas de matá-la.
"Ele esganou a mulher e ela apagou. Em seguida ela acordou. Aí tornou a esganar, ela novamente apagou. Na terceira tentativa, quando ela acordou, ele olhou e disse, 'bom, essa daí não é para eu matar'”, disse o delegado, fazendo o apelo para que essa mulher ou algum parente dela compareça à delegacia para colaborar com as investigações.
Segundo o delegado, essa vítima não conhece a fisionomia de Sailson, pois ele usava uma touca ninja quando tentou matá-la. De acordo com a polícia, até a manhã desta sexta (12-12-14), sete crimes já tinham sido confirmados como sendo de autoria de Sailson.
Uma mulher que sobreviveu em 2012 a um ataque do serial killer disse que teve a morte encomendada pelo próprio pai de criação, José Messias, que foi preso junto da ex-mulher Cleuza.
Segundo a vítima, Cíntia Ramos Messias, Cleuza e seu pai teriam encomendado a morte porque queriam ficar com a guarda de sua filha. Na época do crime, a criança era recém-nascida. Cintia prestou depoimento nesta quinta-feira na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, que investiga o caso. Ela possui marcas de facadas do ataque na pele.
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Cíntia Ramos Messias |
"Ele botou a faca nas minhas costas na porta de casa. Me levou para um terreno baldio e me deu facadas no peito. Ele me largou em pé porque a facada do peito jorrou muito sangue. Fiquei de 5h30 até 7h até alguém me achar e chamar o socorro", disse Cíntia.
Avaliação do psiquiátra
O psiquiatra Jairo Werner assistiu ao vídeo da entrevista de Sailson José das Graças e afirmou que ele parece ter plena compreensão do que estava fazendo.
“Ele tem entendimento. Ele um tipo de determinação, de obsessão e ele faz tudo para conseguir aquilo. Então ele se previne de alguma forma e, em tese, esta personalidade não tem uma deficiência mental”, afirmou o médico.
Para Jairo Werner, Sailson identificava os seus alvos e, com frieza, conseguia até tomar medidas para não ser descoberto pelas autoridades ao conseguir matar suas vítimas. Além disso, identificou traços obsessivos no discurso de Sailson. “Ele entende o que está acontecendo e, de certa forma, ele localiza o tipo de alvo e, a partir dali, ele se torna obsessivo até alcançar aquele objetivo”, falou Werner.
Fontes: G1 e Veja OnLine
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