Medo
Conto do Leitor - Um fato na vida de um Depravado
Olá meus queridos amigos e amigas. É com grande satisfação que publico o texto abaixo, que como vocês podem ver pelo título, foi escrito por uma leitora aqui do nosso
Noite Sinistra. A leitora que nos agraciou com esse suculento conto, é a nossa estimada amiga
Giulia Fontana Pena. Portanto deixo vocês aos cuidados na nossa amiga Giulia...Aproveitem!!!
UM FATO NA VIDA DE UM DEPRAVADO
O que vos relatarei agora se passou comigo há sete anos. Estava eu, na época, em meu último semestre de escola. Era uma sexta-feira sombria, o céu estava nublado e as sombras dos cantos do colégio me pareciam ainda mais negras que de costume.
Saí da aula por volta das 13h e ganhei a rua, enfrentando os olhares de reprovação dos futuros estudantes de Medicina ― aqueles mesmos que passam a juventude a engolir eletrosferas, vetores e regras de pontuação ― e escutando as frívolas risadinhas das garotas que sonham com o primeiro beijo.
Sentei-me à mesa de um bar, pedi uma dose de cachaça e peguei meu caderno, pensando em formular, nas páginas em branco, alguma espécie de texto, em verso ou em prosa. Pus-me a escrever algumas linhas de uns versos vazios enquanto apreciava o destilado e acendia um cigarro. Nesse instante, passa, diante do estabelecimento, a bela Bárbara, jovem esquálida e deprimida, de uns 16 anos, que estudava naquele mesmo colégio e por quem eu nutria intensa paixão. Carregava ela, alguns livros debaixo do braço e andava rapidamente, quase correndo; sua expressão era um misto de desespero, angústia e tormento, o que a deixava ainda mais linda. Terminei a bebida, fumei mais uns dois cigarros e escrevi alguns versos inspirados pela visão que acabara de ter da minha musa.
Cheguei em casa e dormi até que veio a noite, período mais aguardado de todos os dias. Troquei de roupa e saí pelas ruas à procura de alguma distração. Cheguei à zona boêmia, bebi vinho e uísque nas tavernas, escutei música das mais diversas qualidades, olhei as mulheres devassas e voltei a vagar sem rumo pelas ruas. Vi, durante a caminhada, uma moça de vestido negro a cambalear pelos cantos, aproximei-me e ouvi que ela chorava. Tamanha era sua embriaguez, que ela nem notou a minha presença, de modo que pude chegar ainda mais perto e constatar, com pasmo, que era a Bárbara. Segui-a, ávido por possuí-la, até que chegamos a um parque.
Bárbara deitou-se sob uma árvore e eu, escondido atrás de um arbusto, fiquei a observá-la, enquanto ela, ainda em pranto, engolia uns compridos. Agora era certo que, por efeito dessa droga desconhecida, sua consciência se minguaria ainda mais, aproveitei tal oportunidade e me deitei ao seu lado. A moça olhou-me nos olhos, mas não sabia sequer onde estava ou que acontecia. Estava tão deslumbrantemente bela que Eros se apoderou de mim naquele instante. Puxei-a para junto de mim e beijei-lhe sofregamente os lábios e ela aceitou o ósculo. Não satisfeito, beijei-lhe também o pescoço, o colo e fui cobrindo-a de carícias frenéticas. Deitei sobre seu corpo com a euforia de quem ama pela primeira vez, o gozo foi intenso e férvido. Ao pousar minha cabeça sobre seu peito, não pude ouvir-lhe o coração ou sentir-lhe o respirar, ela havia morrido, provavelmente de overdose.
Carreguei o corpo nos braços até chegar a um cemitério, local aonde eu costumava ir para beber, escrever e ter minhas fantasias de amor, dessa vez não seria fantasia. Coloquei o cadáver sobre a grama, ao lado de um túmulo e amei novamente com avidez até o fim da madrugada, quando me vi forçado a retornar para casa.
O corpo que eu abandonara foi encontrado horas mais tarde. Chegou-se à conclusão de que fora suicídio e, hoje, ele continua naquele mesmo cemitério, porém agora dentro de um túmulo que visito com regularidade religiosa e que já profanei incontáveis vezes com o intuito de ter alguém para amar.
Autora: Giulia Fontana Pena
Conheçam a nossa amiga atormentada que escreveu o conto acima... |
| Giulia Fontana Pena - Gosto de ler, escrever, ver filmes dos mais variados gêneros, aprender idiomas estrangeiros, traduzir e também de estudar ciências exatas. Tenho um apreço especial pela literatura ultrarromântica e também por outros textos cuja narrativa envolva temas macabros, misteriosos ou sobrenaturais, (supostamente) reais ou fictícios, por isso sou fã de blogs como o Noite Sinistra. | Data de Nascimento: 18-10-1995 | |
Uma salva de palmas para a nossa benfeitora Giulia...
Quando amanhecer, você já será um de nós...
Não deixe de dar uma conferida nas redes sociais do blog Noite Sinistra...
Links Relacionados:
Conto de Terror: O caixão Quadrangular - Edgar Allan Poe.
Conto de Terror: Espuma Noturna - Stephen King.
Conto de Terror: Metzengerstein – Edgar Allan Poe.
Conto de Terror: O Homem do Cortador de Grama (Stephen King).
Biografia: Stephen King.
16 bons filmes baseados na obra de Stephen King.
Conto de Terror: Os bons Tempos - FSG.
Conto de Terror: Silêncio - Edgar Allan Poe.
Conto de Terror: A Tumba - H.P. Lovecraft.
Conto de Terror: Os olhos que comiam carne - Humberto de Campos.
Conto de Terror: A Máscara da morte rubra - Edgar Allan Poe.
Conto de terror: Berenice - Edgar Allan Poe.
A misteriosa morte de Edgar Allan Poe
O Corvo - Edgar Allan Poe (traduzido por Fernando Pessoa).
Conto de Terror: Colocação de Produtos - Chuck Palahniuk.
Conto do Leitor: O canal negro do suicida do You Tube.
Conto de Terror: Tripas - Chuck Palahniuk.
Mini Conto - Delírios Verdes.
A fuga do demônio.
Conto: Tudo por Amor.
Poema: Necrofilia.
Relatos dos leitores: Uma Noite Sinistra.
Conto do leitor: A Noite Sinistra.
Creepypasta: O jogo da Televisão.
VOLTAR PARA A PÁGINA INICIAL...
loading...
-
Mini Conto - Delírios Verdes
Olá galera atormentada...Hoje voltamos a contar com um texto revisado pela nossa estimada colaboradora Leilane Felgueiras (clique aqui para entender melhor do que se trata). O texto de hoje é um mini conto escrito por mim na época que eu escrevia...
-
A Fuga Do Demônio
Felizmente, é segunda feira e já me encontro no trabalho. Caminho a passos largos na direção do meu escritório. Entro e, imediatamente, ligo o computador e largo a minha garrafa de café sobre a mesa. Olho pela janela e avisto o primeiro andar da...
-
Biografia: Stephen King
Stephen Edwin King nasceu em Portland, Maine, no ano de 1947. Foi o segundo filho de Donald e Nellie Ruth Pillsbury King. Após a separação de seus pais, Stephen e seu irmão, David, foram criados pela sua mãe. Stephen passou a infância em Fort Wayne,...
-
Conto De Terror: Os Bons Tempos - Fsg
Olá amigos e amigas...Hoje eu volto a publicar um conto de terror, mas dessa vez resolvi fazer algo diferente. Nas últimas semanas tenho postado contos de escritores famosos, mas hoje vou postar um texto de minha autoria. Esse é um texto escrito a...
-
Conto De Terror: Silêncio - Edgar Allan Poe
Olá meu povo atormentado...enfim chegamos a mais uma Sexta Feira, e como já se tornou costume (com exceção da semana passada), Sexta Feira é dia de contos de terror no Noite Sinistra. Hoje volto a compartilhar com vocês uma conto do grande mestre...
Medo