Assassina Nazista: Irma Ida Ilse Grese
Medo

Assassina Nazista: Irma Ida Ilse Grese



Irma Grese (Wrechen, 7 de outubro de 1923 — Hameln, 13 de dezembro de 1945) foi uma supervisora de prisioneiros nos campos de concentração de Auschwitz-Birkenau, Bergen-Belsen e Ravensbruck, durante a Segunda Guerra Mundial. Apelidada de "A Cadela de Belsen" pelos prisioneiros deste campo por seu comportamento sádico e perverso, foi uma das mais cruéis e notórias criminosas de guerra nazistas, executada na forca pelos Aliados ao fim do conflito.

O início

Filha de um leiteiro filiado ao Partido dos Trabalhadores Alemães Nacional-Socialistas e de uma mãe suicida, Irma deixou a escola aos quinze anos de idade, devido ao pouco empenho aos estudos e a seus interesses fanáticos em participar da Bund Deutscher Mädel (Liga da Juventude Feminina Alemã), que seu pai não aprovava. Entre outras atividades, trabalhou dois anos num sanatório da SS e tentou, sem sucesso, se formar como enfermeira.

Em 1942, com 18 anos, se apresentou como voluntária para treinamento no campo de Ravensbruck, o que fez com que fosse expulsa de casa pelo pai, contrário a este trabalho. Ente 1943 e 1945, ela atuou em Auschwitz, Ravensbruck e Bergen-Belsen, três campos nazistas de extermínio, sendo presa em 15 de abril de 1945 pelos britânicos no último deles, junto a outros integrantes da SS.

Irma foi um dos principais réus no julgamento de criminosos de guerra de Belsen, realizado entre setembro e dezembro de 1945. Sobreviventes dos campos testemunharam contra ela, acusando-a de assassinatos e torturas. Sempre usando pesadas botas, chicote e um coldre com pistola, entre outros atos Irma era conhecida por jogar cachorros em cima dos presos para devorá-los, assassinar internos a tiros a sangue frio, torturas em crianças, abusos sexuais e surras sádicas com chicote até a morte. Em seu alojamento após a captura do campo, foram encontrados abajures com as cúpulas feitas de pele humana, de três prisioneiros judeus assassinados e escalpelados por ela.

Condenada à forca - aos 22 anos a mais jovem condenada à morte sob leis britânicas no século XX - foi executada na prisão de Hameln, Alemanha, em 13 de dezembro de 1945 e suas últimas palavras ao carrasco foram: "Schnell!" (Rápido!).

Irma Ilse Ida Grese nasceu a 7 de outubro de 1923, em Wrechen, um pequeno vilarejo na região rural de Mecklenburg Vorpommem Brandenbrug, entre as cidades de Feldberg e Fürstenwerder. Seu pai, Alfred Anton Albert Grese, nascido em 1899, pessoa de índole conservadora, era agricultor e se filiou ao partido nazista em 1937. Sua mãe, Bertha Grese (Berta Wilhelmmine Winter, nascida em 1904), descobre que seu marido tinha tido encontros com a filha de um dono de um bar e, aparentemente, por causa deste motivo, comete suicídio em 1936, bebendo ácido clorídrico.

Irma foi a terceira de cinco crianças (Alfred; Lieschen, nascida em 1921; Irma, nascida em 1923; Helene, nascida em 1926 e Otto, nascido em 1929). Sua irmã, Helene, foi depoente em seu julgamento depois da guerra. Irma, juntamente com sua irmã Helene, desejaram ingressar na BDM (Bund Deutscher Mädchen - Liga das Moças Alemãs), uma agremiação feminina da Juventude Hitlerista. Na pequena Wrechen, com 175 habitantes, não havia nenhum grupo da BDM. Seria necessário ir até a cidade vizinha de Fürstenhagen de bicicleta. Porém, Alfred proibiu suas filhas de irem até lá, assegurando que isto era muito perigoso.

Em 1938 ela terminou a escola elementar e trabalhou durante seis meses em uma fazenda, e em seguida em uma loja, em Lychen, por seis meses. Aos 15 anos fez um estágio, que durou dois anos, em um hospital para convalescentes, mais tarde sob a direção da SS, em Hohenlychen. Ela tentou tornar-se enfermeira mas uma mudança de trabalho não lhe permitiu. Em julho de 1942, ainda com 18 anos, ela tentou novamente ser enfermeira, mas com uma nova troca de trabalho (provavelmente devido a um intercâmbio de trabalho, sob a tutela do diretor do hospital de Hohenlychen, o SS Dr. karl Gebhardt), foi enviada para o campo de concentração de Ravensbrück, embora protestasse contra isso. Esse campo foi usado como um campo de treinamento para muitas guardas femininas SS, tendo como instrutora chefe de treinamento, a jovem Dorothea Binz.


Tecnicamente as guardas femininas eram classificadas como SS-Gefolge, sendo apenas um grupo auxiliar e não membros, propriamente dito, da Ordem SS, que era uma elite tipicamente masculina. Eram pessoas contratadas pelo governo (Reichsangestellte), que recebiam salário por seus serviços mediante um contrato. Como Aufseherin (Supervisora), Irma recebia um salário de 54 Reichsmarks. Ela ficou ali até março de 1943 quando foi para Auschwitz-Birkenau, na Polônia, onde permaneceu até 18 de janeiro de 1945. Em Auschwitz, trabalhou no início nos Campos “A” e “B”, atuando em várias atividades, incluindo operadora de telefone na sala do bloco do comando, trabalhou dois dias no Strafkommando (um comando de punição). Também trabalhou durante duas semanas, em um outro comando, o Straussenbau Kommando (companhia de abertura de estradas), também de punição. No outono, trabalhou como diretora do jardim (Gartenführerin), durante dois meses. Em dezembro foi para o escritório de censura do correio. Em maio de 1944 supervisionou o “Campo C”, parte de Birkenau, com 20 a 30.000 pessoas, então ocupado por mulheres judias polonesas e depois por húngaras, onde ficou até o final do ano.

No dia 1º de janeiro de 1945 foi promovida e transferida para Auschwitz I, onde supervisionou, por duas semanas, dois blocos da ala dos homens. Em 18 de janeiro, devido a evacuação do campo, frente ao avanço do exército russo, ela retornou ao campo de concentração de Ravensbrück antes de ser transferida, em março, a seu pedido, para Bergen-Belsen (seu namorado, o SS Oberscharführer Franz Wolfgang Hatzinger estava em Bergen-Belsen). Hatzinger era Chefe do Departamento de Construção na administração de Auschwitz I. Ele foi transferido para Bergen-Belsen por volta de fevereiro de 1945, porém morreu de tifo em 23 de abril de 1945. O comandante Josef Kramer concede a ela permanecer em Belsen. Em Belsen, entre outras atividades, teve o encargo de Arbeitsdienstführerin (líder de grupo de trabalho), coordenando turmas de trabalho.

O Julgamento e as Acusações 

Belsen foi libertada pelos ingleses em 15 de abril de 1945. Nesse dia, depois de um cessar fogo, acordo feito pelo exército alemão, permitiu-se que os ingleses tomassem controle do campo e no centro de treinamento do exército alemão, adjacente ao campo. Uma testemunha da libertação, Lolo Lewis, soldado britânico de 20 anos, recordou que quando ele chegou em Belsen, o comandante Kramer e sua assistente, Irma Grese, estavam nos portões, em posição ereta, para recebê-los. Embora a maior parte do pessoal do campo já tivesse escapado no dia anterior, 80 dos membros do pessoal permaneceram em seus postos com ordem de ajudarem os britânicos, inclusive o comandante. No dia 17 todos os membros da SS foram desarmados e presos. Também foram presos 12 dos Kapos, prisioneiros de confiança, apontados como supervisores de campo.

A partir do dia 18 iniciou-se o sepultamento dos mortos que estavam espalhados pelo campo. Os britânicos forçaram deliberadamente os membros da SS a usarem unicamente suas mãos para o sepultamento de cadáveres de prisioneiros que morreram de doenças contagiosas. Em um documentário filmado, um oficial britânico disse que os alemães estavam sendo punidos, não sendo permitido que usassem luvas para manusearem os corpos. Durante 10 dias foram sepultados cerca de 13.000 corpos. Vinte destes 80 guardas morreram depois que os ingleses assumiram o controle, sendo que a maior parte deles morreram de tifo, mas outros foram envenenados com ptomaína, na comida servida pelos britânicos.


Em 29 de abril, Irma e outros 44, foram transferidos para a prisão de Celle, cidade a 16 km a noroeste do campo, onde permaneceram até o pronunciamento do julgamento de 17 de novembro. Eles foram acusados de crimes de guerra pela Corte Militar Britânica, sob Autorização Real de 14 de junho de 1945, com várias acusações de assassinato, maus tratos aos internos dos campos de concentração de Auschwitz e Bergen Belsen. Foram realizadas duas cortes para os julgamentos, sendo que a 1ª Corte relatava as atividades de Bergen-Belsen e a 2ª Corte as atividades de Auschwitz. Os julgamentos foram realizados na cidade de Lüneburg, a poucos quilômetros ao norte do campo, entre 17 de setembro a 17 de novembro de 1945. Todos os acusados foram representados por um procurador judicial. Irma Grese foi defendida pelo Major L.S.W. Cranfield.

Irma e Josef Kramer
No 1º processo, o de Belsen, o promotor Cel. T.M. Backhouse aludiu o seguinte contra Irma Grese: "Nr. 9, Grese, foi Aufseherin em comandos de trabalho e temporariamente Aufseherin de punição de mulheres, em Auschwitz. Ela foi descrita como a pior mulher no campo, e não havia um tipo de crueldade que aconteceu naquele campo pelo qual ela não foi conhecida como sendo responsável. Ela participou regularmente de seleções para a câmara de gás, fazendo punições por conta própria, e quando ela veio para Belsen ela continuou precisamente do mesmo modo. Ela, também, especializou em lançar cães em pessoas."


Muitos dos sobreviventes de Bergen Belsen testemunharam contra Irma, que rejeitou a culpa contra várias acusações. Eles forneceram extensos detalhes de assassinatos, torturas, crueldades e excessos sexuais empregados por Irma Grese durante seus anos em Auschwitz e Bergen-Belsen. Sobreviventes de Auschwitz testemunharam que ela usava habitualmente botas, carregava um chicote e uma pistola e que estava sempre acompanhada por um cão feroz. Declararam que seus atos eram de puro sadismo e que tinha satisfação sexual com atos de crueldade, batendo em prisioneiras com seu chicote de equitação e usando prisioneiros para satisfazer suas inclinações bissexuais sádicas. Apesar de tais afirmações, sobre seus "excessos sexuais", publicadas em livros, posteriores a guerra, tais fatos nunca foram realmente comprovados, pois eram declarações isoladas, relatadas principalmente por Olga Lengyel e Gisela Perl, e não de conhecimento geral. Falou-se que ela usava métodos físicos e emocionais para torturar os internos dos campos e que batia em prisioneiras até a morte e atirava em outras a sangue frio. Afirmou-se que tinha sido encontrado em sua barraca, em Birkenau, um abajour, que ela mandou fazer, com a pele de três prisioneiras, porém, tal abajour nunca foi visto ou foi encontrado qualquer vestígio de sua existência. As acusações de assassinato foram feitas em depoimentos juramentados, mas nenhuma delas foram confirmadas, pois não foram citados nomes das vítimas.

As mais sérias acusações contra ela eram de que ela estava presente quando os prisioneiros eram selecionados para a câmara de gás, em Birkenau, e que ela tinha participado em forçar as mulheres a fazer fila para a inspeção do Dr. Mengele (clique aqui para conhecer Mengele, o "Anjo da Morte"). Ela admitiu em seu julgamento chicotear prisioneiros e também bater com uma vara, apesar de saber que ambas as práticas eram contrárias as regras do campo. Negou que tivesse um cão, que tivesse espancado até a morte ou atirado em algum prisioneiro. Negou ter selecionado prisioneiros para as câmaras de gás, embora estivesse presente na formação das filas e, fato importante, é que somente os médicos tinham autoridade de fazerem seleções. Muitas das acusações, tanto durante o julgamento, através de depoimentos juramentados, ou, até mesmo publicados depois da guerra, nunca foram realmente comprovados. Entretanto, questionada, durante o julgamento, se era culpada ou não, disse: “ Sem culpa."

A Sentença

No 54º dia do julgamento foi pronunciada a sentença do tribunal. Os acusados tiveram que ficar em grupos nos degraus da segunda e terceira bancada. Irma Grese foi conduzida junto a Elisabeth Volkenrath e Johanna Bormann. Elas foram consideradas culpada em ambas as cortes. Dos acusados, foram declarados culpados 8 dos homens e 3 mulheres, sentenciados a morte e outros 19 a vários termos de encarceramento. Foram passadas penas de morte para oito dos homens, que receberam a seguinte sentença:

O PRESIDENTE - "Nº. 1 Kramer, 2 Klein, 3 Weingartner, 5 Hoessler, 16 Francioh, 22 Pichen, 25 Stofel, 27 Dorr. As sentenças deste Tribunal para cada um de vocês de quem eu nomeei há pouco é que vocês sofrerão morte por enforcamento."

Semelhantemente três mulheres receberam a penalidade máxima, com a seguinte sentença:

O PRESIDENTE - "Nº 6 Bormann, 7 Volkenrath, 9 Grese. A sentença deste tribunal é que vocês sofrerão morte por enforcamento."

“Elizabeth Völkenrath, em lágrimas, olhava longinguamente para o alto, com a respiração pesada; Johanna Bormann mergulhou em sí mesma; mas Irma Grese permanceu com o rosto invariável e principiou ir embora. Mulheres da polícia militar conduziram as três mulheres para fora." Ela mostrou pouca emoção do início ao fim quando a sentença de morte foi traduzida para o alemão como “Tode durch den Strang", literalmente, morte pela corda. No dia 22 de novembro os condenados fizeram um pedido de objeção contra o julgamento ao Marechal Montgomery, porém, este rejeitou no dia 8 de dezembro de 1945, todos o pedidos de clemência.


A Execução 

Irma, Elisabeth Völkenrath, Johanna Bormann e os oito homens foram transferidos para a prisão de Hameln, na Westfalia, para aguardar a execução. Os sentenciados, juntamente com outros dois homens que foram condenados pela Comissão de Crimes de Guerra, Otto Sandrock e Ludwig Schweinberger, foram albergados em pequenas celas ao longo de um corredor, em cujo final os engenheiros do exército britânico construíram a câmara de execução com o patíbulo.

Albert Pierrepoint

Albert Pierrepoint, (carrasco oficial, executou de 1932 a 1956, cerca de 433 homens e 17 mulheres, dos quais 200 eram nazistas), foi o encarregado para conduzir as execuções, planejada para o dia 13 de dezembro de 1945, numa quinta-feira. As mulheres foram levadas separadas para o enforcamento e os homens foram aos pares para apressar o processo. Visto que os prisioneiros podiam escutar o som do alçapão caindo a cada execução, ficou decidido que Irma, sendo a mais jovem, deveria ser a primeira, para ser poupada do trauma de escutar a execução dos outros.


Em suas memórias, "Executioner", Albert Pierrepoint descreve os fatos relatando os preparativos e as execuções:

"Afinal nós terminamos anotando os detalhes dos dez homens, e RSM O'Neil ordenou "Tragam Irma Grese." Ela caminhou fora de sua cela e veio em nossa direção sorrindo. Ela parecia como uma jovem bonita como alguém sempre desejaria encontrar. Ela respondeu as perguntas de O'Neil, mas quando ele perguntou sua idade ela pausou e sorriu. Eu achei que nós ambos estávamos sorrindo com ela, como se nós percebêssemos o embaraço convencional de uma mulher que revela a sua idade. Eventualmente ela disse "vinte e um", que nós sabíamos estar correto. Esta jovem loira de vinte e um, que habitualmente levava um chicote de equitação para chicotear os prisioneiros até a morte, tinha, isso foi declarado por um dos guardas de sua categoria no campo, sido responsável por pelo menos trinta mortes em um dia. O'Neil lhe pediu que pisasse na balança. "Schnell!" ela disse - "Rápido!" ...

Após o impacto da queda, o médico me seguiu para dentro do fosso e pronunciou a sua morte. Depois de vinte minutos o corpo foi retirado e colocado em um esquife pronto para o enterro."

Prisão de Hameln
Fonte: A Vida no Front

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