Medo
O passageiro do banco de trás
“A história que vou contar é verídica e foi tão chocante na época que se tornou notícia em vários estados americanos. Tornou-se notícia de jornal, história na internet e chegou a ser tema de alguns filmes de terror em Hollywood.”
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Imagem meramente ilustrativa |
Amanda estava numa alegria contagiante. Enquanto dirigia o carro que seu pai havia emprestado, cantava em alto e bom som a música que tocava no rádio do carro. Amanda havia ganhado uma bolsa de estudos em Oklahoma e apesar de morar no Texas, estado vizinho, toda a família vibrou com a conquista da moça. É costume nos Estados Unidos após a formatura, entre os dezoito e dezenove anos, os filhos irem morar longe, estudarem em universidades em outras cidades e estados.
O carro estava cheio de caixa e outras coisas de Amanda. Quando saiu de mudança, o pai disse que poderia levar o carro que ele iria buscar no final de semana. Então Amanda ganhou estrada e foi cruzar o imenso estado do Texas, dirigindo sozinha... Um pouco com medo, por causa da aventura nova, mas cheia de coragem e esperanças.
Amanda sabia que sua vida começaria agora. Faculdade, amigos novos, namorados, festas, bebidas, porres dignos da sua idade e também algum estudo de vez em quando para não deixar os pais tristes. Por isso seu coração era só alegria e a rádio local parecia adivinhar as músicas que lhe vinham à mente para satisfazer este momento mágico de extrema alegria.
A noite caiu rápida e com a escuridão veio uma chuva que aos poucos aumentava até tornar-se uma tempestade. Os faróis do carro iluminavam a estrada negra e as gotas grossas da chuva pareciam dançar na luz. Era um trecho nada urbano e muitas árvores e uma vegetação densa corriam paralelas à estrada. Apesar do bom humor de Amanda a menina não deixou de notar que a pouca iluminação na estrada e a pouca sinalização tornavam o seu caminho até a felicidade um verdadeiro desafio que com certeza ela iria vencer.
Olhou para os lados e os galhos e as copas das árvores pareciam mãos retorcidas tentando agarrá-la na estrada. Era um medo infantil e infundado, mas era normal, pensou consigo.
Estava frio, escuro e chovendo. Ela estava sozinha e dirigindo em uma daquelas intermináveis estradas do Texas e mesmo sem querer, lembrava de histórias de terror que havia aprendido com os amigos nos acampamentos de verão. Eram histórias de caronas homicidas ou fantasmas que vagavam por estradas desertas.
- Que bobagem! Até parece que eu pararia o carro. Eu não vou parar o carro por nada desse mundo. Nem nesta escuridão e nem aqui, no meio do nada.Como atendendo a um carma maligno ou talvez uma ironia sombria, uma luz começa a piscar no painel do carro. Amanda olha e percebe que a gasolina está além do nível da reserva e que provavelmente a gasolina iria acabar a qualquer momento.
- Ai meu Deus... Não! Agora não! – Amanda abaixou a volume do rádio e começou a prestar atenção à estrada. Após uma curva sinuosa, a garota sorri e torce para que o carro consiga chegar até um posto obscuro que apareceu do nada à margem da estrada.
O carro entra suavemente no posto de gasolina e Amanda estaciona em frente a uma das bombas de gasolina, olha para o lado e buzina na esperança de alguém vir atendê-la. Enquanto espera, Amanda olha a sua volta e sente um mal estar repentino. A estrada é só escuridão, pouco além apenas mato, e o posto parece abandonado. Tudo no posto é velho e gasto. As bombas de gasolina são antigas e tão gastas, descascadas e enferrujadas. A luz do único poste do posto piscava e soltava algumas faíscas em meio às gotas grossas de chuva e ao fundo, o próprio posto parecia uma oficina velha ou algum tipo de ferro-velho abandonado. Amanda pegou sua bolsa para pegar o cartão de crédito, aproveitou para ver seu celular e percebeu que estava sem sinal. Fixou seus olhos no indicador de bateria e em sua distração nem percebeu que um vulto surgiu num salto ao lado do seu vidro no carro. Ele bateu no vidro três vezes e olhou para dentro do carro.
Amanda olhou assustada e percebeu um homem loiro de aspecto rude e olhos penetrantes. Ele usava um macacão cinza e uma capa de chuva. O boné em sua cabeça cobria parte do rosto e tufos de cabelos desgrenhados saltavam por baixo do boné de frentista. O homem olhava de forma estranha para ela e para dentro do carro, como se procurasse algo. Não querendo ir contra seu sexto-sentido e seu medo natural, Amanda aperta apenas de leve o botão do vidro elétrico e baixando apenas o espaço de dois dedos e passa o cartão de crédito ao homem:
- Encha o tanque, por favor! – ela falou alto, quase num grito pois o barulho da chuva era enorme.
O frentista pega o cartão e antes de partir olha por cima do ombro em direção a Amanda. Esse gesto faz com que ela sinta seu sangue gelar. Mesmo assim ela se controla e aguarda impacientemente a transação com o cartão.
Dois minutos depois a homem volta e bate novamente no vidro. Mas desta vez diz numa voz engasgada e entrecortada:
- Mo - moça! O Ca - cartão! FFF foi negado. A op op operadora está no telefone. T t tem que vir vir comigo!Amanda sentiu um calor e uma aflição tomou conta dela. Era lógico que aquilo estava estranho demais. Ela estava com medo e lembrou-se do seu pai. Queria que ele estivesse lá. Mas, não estava e ela teria que resolver sozinha. Respirou fundo e disse por cima do vidro da janela:
- Só um minutinho. Estou indo. – abriu sua bolsa e discretamente pegou uma lata de spray de pimenta. Escondeu em sua mão dentro da manga de sua capa. Colocou o gorro da capa e abriu a porta. Desceu e correu até a porta do escritório do posto. O frentista seguiu atrás.
Assim que entraram Amanda sentiu-se em meio a um filme de terror. O local era totalmente abandonado com cadeiras caídas e de pernas para o ar, armários enferrujados e sujos de poeira, balcões imundos e jornais jogados por todos os lados. Apanhou o telefone amarelado pelo tempo e gaguejou:
- A - alô?Um bip repetido e contínuo indicou à menina que não havia ninguém do outro lado da linha – mas o que está acontecendo? Mal ela havia perguntado e olhando para trás pode ver o frentista rapidamente trancando a porta da sala e vindo diretamente em sua direção.
-Não! - ela gritou e recuou para trás.
O frentista agarrou seus ombros e cerrou os dentes. Entre o canto da boca sussurrou:
- Pa- pa-para com isso! Pare!Amanda atirou-se para o lado e gritou novamente tentando abrir a porta, caiu no chão e o frentista agarrou suas pernas. Ela virou-se e pode ver a cara de ódio que ele fazia. Agarrou então a lata de spray de pimenta e acertou uma grande borrifada nos olhos do frentista que caiu no chão gritando e gaguejando.
O frentista agonizava no chão e então Amanda aproveitou para dar-lhe um chute na virilha e agarrou as chaves que estavam em seu cinto. Abriu a porta e saiu correndo em disparada. Olhou para trás e pode ver o monstro ainda levantando para persegui-la. Ela entrou no carro e travou as portas. No momento em que ia colocar a chave na ignição suas mãos tremeram e ela derrubou as chaves do carro. Abaixou rapidamente e quando levantou assustou-se por ver o maldito frentista ainda esmurrando a janela do carro e gritando palavras inteligíveis no meio da chuva.
Assim que ligou o carro, Amanda pisou no acelerador e derrubou o frentista no meio da estrada. Acelerava o máximo que podia tentado deixar um pesadelo para trás. Assim que levantou do chão, o frentista ainda tentou correr atrás do carro, mas Amanda estava longe. Ele parou no meio da estrada escura e ainda tentou numa última esperança vencer sua gagueira e gritar bem alto para que a moça pudesse escutar:
- TEM UMA PESSOA ESCONDIDA NO BANCO DE TRÁS DO SEU CARRO! ...............................................................................................................................
No dia seguinte a polícia encontrou acidentado em uma árvore, o carro de uma moça. O pára-brisa estava despedaçado e o corpo estava decapitado. Uma cabeça estava caída numa poça de sangue em cima do banco de passageiros. No banco de trás um machado ensanguentado repousava como se fosse um passageiro que pediu carona. Seu silêncio guardava o segredo de uma viagem macabra com um destino certo: A Morte!
Fonte: http://www.ahoradomedo.com/
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