Eu nunca me senti completa. Nunca estive satisfeita. Mas também nunca me interessei em fazer algo para mudar. Quando Robert, meu esposo não estava comigo, o que cuidava da minha ansiedade era passear com Billy. E ainda evitava que ele fizesse suas necessidades pela casa obviamente.
Eu fazia esse passeio pelas redondezas toda madrugada. Pelo menos até aquele dia. Eram 1 e 45 da manha, um babaca freou bem em cima de nós, por pouco não nos acertou. Apesar do susto o que mexeu comigo não foi isso, e sim aquele ônibus verde que apareceu. Lotado de passageiros, o motorista com cabelo milimetricamente penteado, com um sorriso que parecia sugar toda minha coragem. Ele estacionou, abriu a porta da frente e desceu.
- Está na hora de vir conosco Clarisse. Ele disse com um tom acolhedor e ao mesmo tempo frio. Eu não entendia como ele sabia meu nome, nem porque passara por ali, já que havia nenhuma linha de ônibus nessa rua. Entre o medo, a desconfiança e a curiosidade, tudo que pude responder foi: - Não, obrigado. Virei-me e voltei para casa. Meu marido já havia chegado.
- Onde você estava amor? - Fui passear com o cachorro. - A essa hora de novo amor? Amor? Ei! - Desculpe. - O que foi? - Robert, qual linha de ônibus passa na rua aqui em frente a nossa casa? - Nenhuma amor. Faz quatro anos que moramos aqui e nunca passou sequer um ônibus, e caso alguma linha fosse criada aqui, acho que saberíamos. Por quê? - Um ônibus parou pra mim hoje. E o motorista sabia o meu nome. - O que? Como assim? - Eu também não sei. - Olha amor, você anda muito estressada com os preparativos do nosso casamento, ainda decidiu parar com seu remédio para ansiedade. - Você está dizendo que eu sou louca? Eu não vi coisa. Era um ônibus, um ônibus de verdade. - Não estou dizendo que não era amor. Apenas durma um pouco, descanse. Amanha vai perceber que pode ter sido algo da sua cabeça. Fui-me deitar furiosa, mas sem admitir que o que ele disse fazia mais sentido. E realmente, acordei no dia seguinte mais leve e feliz por saber que finalmente seria o dia de escolher o vestido. O olhar das moças do ateliê eram os juízes da minha escolha. Se eu escolhesse um que fizesse os olhos de todas elas brilharem, esse era o certo. - O que é isso no seu nariz Clarisse? Uma senhora me questionou com espanto. - O que? Minha calma e leveza foram embora quando levei as mãos ao rosto e percebi que o sangue escorria pelo meu nariz. Senti-me sufocada. Precisava de ar e por isso corri para fora da loja. Lá fora estava ele me esperando. Aquele mesmo ônibus. Os mesmos passageiros. E o mesmo motorista parado na porta com seu sorriso. - Eu não posso esperar mais Clarisse. É hora de vir conosco. - Não! Você não vai me levar! Naquele momento tudo fez sentido. Talvez aquele carro... Aquele carro não "quase" me acertou. Aquele carro me atropelou. É isso. Estou morta, não me resta nada a não ser me entregar. Mas agora não, agora eu tenho tudo. Vou me casar. Não posso abandonar tudo isso. E não vou! Voltei para dentro da loja. - Moça, chame a policia, por favor! - O que houve minha jovem? - Aquele homem está me perseguindo! - Quem? - Aquele dentro do onib... Era até óbvio. O ônibus não estava mais lá. - Menina, sente-se. O que aconteceu? Seu nariz está sangrando. Aquela gentil senhora limpava meu rosto e eu sequer podia sentir suas mãos. A imagem do ônibus, aquele sorriso macabro, nada daquilo deixava minha mente a sós por sequer um segundo. Acho melhor ir pra casa. Um banho deve esfriar minha cabeça. A água fria pelo meu corpo me dava uma falsa sensação de alívio. Saí do banho e fui me secar. Meu cachorro me olhava quase implorando para passear. - Desculpe Billy, você sabe quem está lá fora esperando por mim. Será que esse seria o meu destino? Presa dentro de casa, com medo de um ônibus que sequer existe. Presa na dúvida. A vida é minha e ninguém pode me tomar. Pela primeira vez eu não senti medo. Eu estava pronta pra enfrentar tudo aquilo. Eu não podia fugir mais. O medo deu lugar à confiança. Aprontei Billy, pus um casaco e saí. Já era tarde mesmo, quase duas da manha. Depois de uma pequena caminhada, lá estava ele me esperando. Vi o ônibus fazer uma curva e vir até a mim. Ele estacionou e como sempre, o motorista desceu. - Clarisse, não seja egoísta, você não é a única aqui. Você tem que vir conosco. - Não, eu não vou! - Você tem certeza? - Tenho! Eu gritava tão determinada que não percebi que Billy escapava das minhas mãos e entrava no ônibus. - Não Billy, vem cá! Devolva meu cachorro! - Não posso Clarisse, foi ele quem escolheu. Eu não sabia se devia continuar e deixa-lo, eu o amava demais. Mas manti minha posição. - Eu não vou! Essa é a minha vida eu escolho! - Não Clarisse... Essa não é a sua vida. É a vida que você poderia ter tido... O homem voltou para seu banco, fechou a porta e foi embora. Acho que agora sim, está tudo resolvido. Nunca mais verei aquele maldito ônibus. Sinto-me mais leve, porém de um jeito estranho. Toda aquela preocupação e ansiedade se foram, agora eu só vejo uma luz. Uma luz intensa. Finalmente eu acho que terei paz.
- Um Monstro No Armário
Pequeno Timmy gosta de desenhar e colorir. Ele gosta de brincar de fingimento com seus amigos no parquinho. No ônibus da escola, ele fala e ri com as crianças que acabou de conhecer. Ele é um menino tão bom. Mas Timmy pensa que há um monstro em seu...
- Demônio Dentro De Mim
Se você acha que pode acreditar nisso, ótimo, mas quando terminar de ler isso, acho que não vou existir mais... Talvez, ou não? Bom, que educação eu tenho, nem me apresentei... Meu nome é Sérgio, eu sempre fui "escravo" da rotina, e sempre fazia...
- Mulher Do Mistério
A postagem abaixo foi uma dica do parceirão Silvio do ‘O mundo Real’. Essa lenda existe em vários estados. É descrita com algumas diferenças, mas o desfecho é sempre o mesmo. ~Ladydias As 23:00 horas da noite um ônibus Viação Garcia...
- Diário De Um Psicopata
Era dia, uma bela manhã por sinal. Os raios de sol entravam por minha janela e batiam em meus olhos. Ainda deitado, pensava em tudo, me imaginava como em um sonho, eu sabia que precisava fazer aquilo. Foram duas semanas planejando tudo. Ela se chamava...
- No Meio Da Estrada
Havia algo estranho. Todos dentro do ônibus podiam sentir isso. Eles haviam saído de Belém no final da noite, em direção a São Luiz. A estrada era perigosa, todos sabiam disso. Havia perigo de acidentes, assaltos... mas não era tudo. Havia algo...