Medo
O massacre de Iguala - México
Saudações galera atormentada, na postagem de hoje voltarei a falar de um caso de massacre envolto em grande mistério. O caso abordado de hoje fala de um evento que aconteceu recentemente, e ainda esta sendo investigado (ou ocultado) pelas autoridades mexicanas. Venham comigo conhecer o caso do massacre de Iguala.
Os protestos estudantis de Iguala
Em 26 de setembro de 2014 seis pessoas foram mortas e outras 43 acabaram desaparecendo depois de um confronto com a polícia de Iguala, no estado mexicano de Guerrero, durante uma manifestação. O grupo de estudantes que enfrentou a polícia no dia 26 de setembro tinha ido às ruas pedir verbas e transporte para participar de uma outra manifestações na Cidade do México. Essa manifestação na Cidade do México serviria para marcar o aniversário do Massacre de Tlatelolco, em 1968, quando entre 200 e 300 estudantes foram mortos pela polícia.
Estranhamente os jovens estudantes fizeram uma manifestação para poderem participar de uma outra manifestação em homenagem às vítimas de um massacre, e acabaram massacradas pela polícia local. Parece enredo de filme de comédia pastelão, mas infelizmente essa é uma triste realidade.
O mistério por trás dos desaparecimentos
Ninguém parece querer explicar o desaparecimento dos 43 manifestantes, mas no dia 4 de outubro uma descoberta colocou mais lenha na fogueira, pois os investigadores responsáveis pelo caso descobriram uma vala onde estavam depositados 28 corpos. Nos dias seguintes, mais 8 valas foram encontradas nos arredores. O caso parecia começar a ser desvendado, mas esse era apenas mais um capítulo desse mistério.
No último dia 15 de outubro, procurador-geral do México, Jesus Murillo Karam, anunciou que o resultado dos testes de DNA dos 28 cadáveres, encontrados no primeiro cemitério clandestino descoberto, não coincidiam com nenhum dos 43 estudantes desaparecidos. Karam afirmou que os investigadores realizaram testes nos restos mortais encontrados nas outras valas encontradas nos arredores.
A descoberta desses corpos era para ser um passo a favor das investigações e da solução desse caso, mas agora mais perguntas pairam no ar: Seria esse cemitério um local de enterro de vítimas do tráfico? Ou haveria uma conspiração para ocultar provas e inocentar os policiais envolvidos no massacre, havendo até manipulação dos exames de DNA para que as vítimas não fossem identificadas? Estariam os jovens vivos, porém presos em algum lugar?
Prisões realizadas
Pelo menos 50 pessoas já foram presas, a grande maioria policiais, sob suspeita de terem entregado os estudantes para uma gangue de traficantes - a Guerreiros Unidos, conhecida por cooptar policiais corruptos.
Para as famílias dos estudantes, muitas delas montando vigília diária em Iguala, a confirmação de que os corpos da vala comum não são dos desaparecidos traz esperança de que o grupo ainda possa ser encontrado com vida.
O episódio chocou os mexicanos e gerou críticas internacionais ao presidente Enrique Peña Nieto. A Organização dos Estados Americanos (OEA), a ONU e parlamentares europeus pediram o esclarecimento imediato do caso.
Peña Nieto prometeu punir os responsáveis e classificou o incidente como "chocante, doloroso e inaceitável".
Histórico de violência em Guerrero
Guerrero é um Estado conhecido por seu longo histórico de violência política. Não é a primeira vez que estudantes e professores se envolvem em confrontos com a polícia.
Na década de 1970, a região assistiu ao surgimento de alguns dos grupos de guerrilheiros mais importantes da época – parte deles ainda segue na ativa.
Mas o Estado também foi cenário de disputas entre cartéis de drogas, como o Sinaloa, o Beltran Leyva e a Família Michoacana, que lutam pelo controle de áreas de produção de ópio e maconha na região.
Em Guerrero também está localizado um dos setores mais combativos do movimento dissidente Coordenador Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que, desde o ano passado, tem articulado protestos contra a reforma da educação.
Estudantes da Escola Normal de Ayotzinapa participaram dessas manifestações. Em 2011, houve um violento confronto entre os alunos e policiais estaduais - duas pessoas morreram.
Desde então, as manifestações estudantis continuaram, mas especialistas dizem que o incidente do fim de semana é o mais grave desde o início dos protestos.
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Manifestações violentas aconteceram depois do desaparecimento dos 43 jovens |
Escola dos desaparecidos formava líderes comunitários
Em 1926, como parte de um projeto de combate ao analfabetismo e à pobreza em comunidades rurais, o governo do México criou uma rede de escolas especiais, chamadas de Escolas Normais, em que o objetivo era formar alunos com potencial de se tornarem líderes comunitários.
Das 29 unidades da rede, apenas 13 sobreviveram, mas uma delas nunca esteve tão em evidência: a Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos, em Ayotzinapa, no Estado de Guerrero. Dessa escola, mas conhecida como Escola Normal de Ayotzinapa, saiu o grupo de estudantes que acabaram entrando em confronto com a polícia em Iguala.
Dois dos principais líderes de luta armada da história mexicana, os professores Lucio Barrientos e Genaro Rojas, vieram de Ayotzinapa.
"Os alunos que estudam naquela escola são militantes e têm maior conhecimento político que a média. Pelo menos é assim que são vistos pelo governo mexicano", diz o correspondente da BBC no México Juan Carlos Perez, que recentemente visitou Ayotzinapa.
Currículo politizado
O conceito original das Escolas Normais era formar professores que atendessem às necessidades educacionais de áreas mais pobres do México - e que pudessem atuar como líderes comunitários.
Os alunos recebiam não apenas educação, como também alimentos e lugar para dormir. O único requisito era ser pobre, não ter recurso para estudar em outro lugar.
Durante o governo do presidente Lázaron Cárdenas (1934-1940), uma filosofia ainda mais socialista passou a orientar essas unidades - uma característica que elas mantêm até hoje.
Desde 1940, a relação entre a rede e o governo tem sido difícil, com alunos e professores realizando protestos anualmente por melhores condições para garantir a existência das Escolas Normais.
Mobilização
Alunos de nove escolas anunciaram uma paralisação até que os colegas sejam localizados.
A Frente Estadual de Trabalhadores, junto com a Coordenadoria o Trabalhadores de Educação do estado de Guerrero, realizou uma passeata em Chilpancingo, capital do estado, para exigir informações sobre os desaparecidos.
Já o integrante do Movimento dos Cidadãos, Ricardo Monreal, cobrou que a investigação do caso não seja realizada apenas por autoridades de Guerrero.
"O governo federal precisa intervir. Estamos diante de um Estado que persegue os líderes de movimentos sociais. É muito grave que ainda hoje haja desaparecidos políticos", disse.
Nos protestos, os manifestantes também pedem a renúncia do prefeito de Iguala, José Luis Abarca Velázquez. Ele, no entanto, se recusa a deixar o cargo.
Na noite dos confrontos, Velázquez garantiu à imprensa local que ordenou a policiais que não agredissem os estudantes.
"Minha indicação foi para que não caíssem em provocações, disse a eles que não queria que machucassem os estudantes", afirmou.
Fontes: BBC Brasil, Wikipédia e IG
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