O Incidente na Passagem Dyatlov
Medo

O Incidente na Passagem Dyatlov



Essa matéria foi uma dica da amiga Maria Reis (@bicurious_), e fala sobre um episódio que acabou se tornando um dos mais emblemáticos e misteriosos da história recebendo o nome de: O Incidente na Passagem Dyatlov e também de O incidente na Montanha dos Mortos.

A história como é contata parece algo saído de um filme de horror: dez estudantes saem para um passeio no campo, pretendem esquiar e se divertir durante um feriado. Eles seguem para os Montes Urais (clique AQUI e AQUI para conhecer outros mistérios relacionados com essa região), na Rússia e nunca mais são vistos com vida.


Eventualmente seus corpos são encontrados – cinco deles congelados até a morte perto da tenda, quatro outros vítimas de misteriosos ferimentos – um crânio arrebentado, uma língua arrancada – enterrados a uma alguma distância do acampamento. Tudo leva a crer que eles tentavam fugir do lugar em desespero no meio da noite. Deixaram para trás esquis, comida e roupas quentes, se embrenharam em uma floresta escura, coberta de neve, mesmo sabendo que não teriam chance de sobreviver em um ambiente inóspito cuja temperatura beirava –30º C.

Na época, os investigadores perplexos com a descoberta não foram capazes de oferecer uma explicação para o que aconteceu com o grupo, e afirmaram que eles morreram vítimas de uma “força desconhecida que os compeliu de alguma forma à loucura”. O caso foi então encerrado pelas autoridades soviéticas e por muitos anos foi arquivado como “Ultra Secreto”.

Após meio século, o mistério continua sem solução. Qual a natureza dessa “força desconhecida” capaz de matar nove jovens com experiência em montanhismo? O que as autoridades soviéticas pretendiam esconder? E se esse for o caso, o que o grupo de resgate encontrou na paisagem desolada dos Montes Urais? O mistério permanece e um sem número de soluções foram sugeridas nos anos que se seguiram, envolvendo desde tribos hostis a monstros do folclore russo, passando por alienígenas e testes secretos com tecnologia experimental.

Se eu tivesse a chance de perguntar qualquer coisa a Deus, seria a respeito desse terrível evento. O que aconteceu com os meus amigos naquela noite ainda me atormenta”. Disse Yuri Yudin, o décimo membro da trágica expedição e único sobrevivente. Yudin não acompanhou seus colegas nos últimos dias de viagem, ele não se sentia bem – vítima de um resfriado decidiu retornar antes da noite fatídica. A morte de seus amigos permanece como um doloroso mistério que ele ainda tenta solucionar pessoalmente.

A expedição à montanha da morte

Yudin e seus nove companheiros iniciaram sua viagem no dia 23 de janeiro de 1959, seu destino as Montanhas na face norte dos montes Urais. Ele e outros oito eram alunos do Instituto Politécnico do Ural em Ekaterinburg, localizado na região de Sverdlovsk , a quase 2000 quilômetros de a leste de Moscou.

Naquela época a cidade ainda era chamada de Sverdlovsk, e era lembrada como o local onde o Tsar Nicolau e a família imperial havia sido brutalmente assassinados pelos revolucionários soviéticos. Em 1959, a União Soviética estava em meio a algumas mudanças sociais depois de décadas de repressão pelo Regime Stalinista, e sob o comando do novo premier Nikita Khrushev, as pessoas experimentavam um pouco mais de liberdade. O final dos anos 50 foi marcado pela explosão dos esportes de turismo na Rússia a medida que o país ainda tentava deixar para traz o período de austeridade do pós-guerra. Esquiar, percorrer trilhas e acampar eram passatempos comuns entre os jovens, uma forma de escapar ainda que momentaneamente da estrutura repressiva do dia a dia, retornar à natureza na companhia de amigos e se afastar dos olhos sempre vigilantes do estado. Tais atividades eram comuns entre estudantes, que se aventuravam em regiões isoladas e selvagens do interior da União Soviética.

O grupo de alunos do Instituto Politécnico dos Urais era composto por jovens com experiência em meio à vida selvagem. Eles faziam parte de um Clube de Turismo Esportivo, e eram liderados por Igor Dyatlov de 23 anos, respeitado pelo seu conhecimento em sobrevivência na neve e sua habilidade como esquiador e montanhista.

Não era a sua primeira expedição e o grupo confiava em seu julgamento. O caminho escolhido pelo grupo até Otorten era perigoso, uma rota categorizada como nível 3 – perigo de deslizamento e um terreno traiçoeiro a uma altitude de 1100 metros. Mas a experiência dos alunos demonstrava que nenhum deles estava intimidado diante do desafio. Na verdade, as fotos que eles tiraram durante o percurso demonstram que todos estavam se divertindo e pareciam tranquilos no decorrer do trajeto.

Além de Dyatlov e Yudin, o grupo era composto por Georgy Krivonischenko (24), Yury Doroshenko (24), Zina Kolmogorova (22), Rustem Slobodin (23), Nicolas Thibeaux-Brignollel (24), Ludmila Dubinina (21), Alexander Kolevatov (25) e Alexander Zolotaryov (37). Todos eram alunos de cursos do Instituto, exceto Zolotaryov o mais velho do grupo, que segundo algumas fontes, era apenas um conhecido de Dyatlov. Ele se mostrou um pouco relutante em aceitá-lo na expedição, mas Zolotaryov era um montanhista bastante capaz e fora recomendado por alguns amigos do próprio Dyatlov.



Então, em 23 de janeiro o grupo de 10 indivíduos partiu rumo a uma viagem de três semanas nas montanhas. Eles seguiram de trem até Ivdel, chegando a esse destino no dia 25, e de lá fretaram passagens em caminhões até Vizhai – o último vilarejo habitado antes da imensidão coberta de neve que se estendia até Otorten. Eles deixaram o povoado no dia 27 e começaram a marchar através da paisagem branca. No dia 28, Yudin começou a apresentar febre e resolveu retornar a Vizhai como precaução. O grupo confiando que a trilha ainda estava fresca e que o dia estava limpo decidiu deixar seu colega voltar sozinho. A expedição agora composta de 9 pessoas, levantou acampamento e se despediu de Yudin combinando reencontrá-lo alguns dias depois.

Foi a última vez que alguém os viu com vida. Os eventos que se seguiram a partida de Yudin só podem ser reconstruídos através dos diários e fotografias recuperadas na área onde o grupo ergueu seu último acampamento, e onde eles encontraram seu trágico e misterioso fim.


Tendo deixado Yudin, a expedição esquiou através de uma encosta na direção de lagos congelados, seguindo antigas trilhas usadas pela tribo Mansi, habitantes da região, por cerca de quatro dias. Em 31 de janeiro, eles chegaram a embocadura do Rio Auspia, onde montaram acampamento em terreno elevado. O grupo deixou parte de seu equipamento e provisões nessa base para explorar a região. Desse ponto, iniciaram a escalada do Otorten em primeiro de fevereiro.

Por alguma razão, provavelmente tempo adverso – eles acabaram desviando sua rota original e seguiram para uma região menos desafiadora conhecida como Kholat Syakhla uma altitude abaixo de 1100m. Por volta das cinco da tarde, o grupo decidiu que era mais seguro montar acampamento para passar a noite. Fotografias tiradas durante essa tarefa mostram que todos estavam bem e pareciam animados. O grupo poderia ter tentado retornar a sua base onde teriam uma proteção mais eficiente contra os rigores do tempo, mas devem ter preferido descansar e aguardar uma mudança no dia seguinte.


As últimas anotações no diário dos exploradores evidenciam que eles estavam de bom humor e tudo corria dentro do esperado. Não havia sinal de desentendimentos ou disputas internas, na verdade a viagem transcorria sem qualquer imprevisto.

Desaparecimento e busca

O plano original do grupo era retornar a Vizhai por volta do dia 12 de fevereiro, de onde Dyatlov mandaria um telegrama ao Clube de Esportes do Instituto avisando que todos haviam retornado em segurança. Ninguém se preocupou quando o telegrama não foi enviado na data estipulada – afinal de contas, todos eram hábeis em escaladas dessa natureza. Apenas em 20 de fevereiro, parentes preocupados com a falta de notícias resolveram entrar em contato com as autoridades em busca de informações. O Clube reuniu um grupo de voluntários, entre os quais professores e estudantes do Instituto, acompanhados de policiais e até do exército, despachados em helicópteros e aeroplanos.


O grupo de resgate localizou o acampamento dia 26 de fevereiro. “Encontramos o lugar abandonado. Uma das tendas ainda estava de pé, mas coberta com neve. Ela estava vazia, mas todos os objetos pertencentes a expedição haviam sido deixados para trás” relatou Mikhail Sharavin, o estudante que encontrou o acampamento durante as buscas. A tenda estava rasgada de dentro para fora, com um rasgo de faca na lona, largo bastante par um homem adulto passar por ele. Pegadas podiam ser vistas no chão coberto por pelo menos um metro de neve, havia marcas deixadas por pés calçando meias, botas e de um único pé descalço (o que não faz sentido em um ambiente congelante!).


Embora não se tenha definido a quem pertenciam as pegadas, supõe-se que não haviam marcas deixadas por pessoas de fora do grupo. Tampouco havia qualquer sinal de luta. Os esquis foram deixados de lado, assim como os sapatos de neve. Seria impensável que pessoas habituadas a conviver em tais climas se afastassem do acampamento sem vestir esses equipamentos básicos.


As pegadas levaram o grupo de resgate até a floresta, mas os rastros sumiam depois de 500 metros. Delimitando a área de busca, as equipes concentraram seus esforços nesse perímetro. A cerca de 1,5 Km da tenda encontraram dois corpos que pertenciam a Georgy Krivonischenko e Yury Doroshenko, descalços e vestindo roupas de dormir, eles se encontravam nos limites da floresta, sob um grande pinheiro.


Suas mãos apresentavam queimaduras, e havia restos de uma fogueira ali perto. Os galhos mais baixos do pinheiro estavam quebrados até uma altura de 5 metros, sugerindo que os dois tentaram escalar para observar os arredores ou se proteger.

Krivonischenko
Doroshenko
Trezentos metros adiante encontraram o corpo de Dyatlov, caído de costas na neve com a face encarando o céu e um galho de árvore preso em seus dedos. Mais 180 metros em frente acharam Rustem Slobodin, e a 150 metros dele estava Zina Kolmogorova; ambos pareciam ter se arrastado em um esforço final até perderem as forças e desmaiar na neve.

Dyatlov
Dyatlov
Kolmogorova
Os médicos atestaram que todos os cinco morreram de hipotermia. Apenas Slobodin possuía ferimentos além das queimaduras nas mãos, ele havia sofrido um golpe na cabeça, embora essa não tenha sido a causa direta da sua morte.


Levou mais dois meses até o paradeiro dos quatro membros restantes da expedição ser descoberto. Os corpos haviam sido enterrados em uma ravina a quatro metros de profundidade em uma área que ficava a 75 metros do pinheiro. Nicolas Thibeaux Brignollel, Ludmila Dubinina, Alexander Kolevatov e Alexander Zolotaryov haviam sofrido mortes violentas. Thibeaux Brignollel tivera o crânio fraturado por um objeto pesado, Dubunina e Zolotarev tinham vários ferimentos e costelas quebradas. Dubinina havia tido a língua arrancada. Os corpos estavam amontoados na mesma cova como se tivessem sido atirados ali dentro e cobertos imediatamente.



Lesão de Nicolas Thibeaux Brignollel
De acordo com o escritor Igor Sobolyov, que investigou o incidente, alguns dos mortos estavam usando roupas que não lhes pertenciam como se tivessem removido os trajes dos seus companheiros para assim se manter aquecidos. Zolotaryov estava vestindo o chapéu e casaco que pertencia a Dubinina, enquanto os pés de Dubinina estavam envoltos em tiras rasgadas das calças que pertenciam a Krivonishenko. Thibeaux Brignolle tinha dois relógios no braço esquerdo – um deles marcava 8.14 am, e o outro 8.39 am.

A despeito das muitas perguntas que essa descoberta levantou, as investigações foram concluídas no final do mês e os arquivos foram selados e mantidos em um arquivo secreto. Ainda mais estranho, esquiadores e curiosos foram impedidos pelas autoridades de transitar pela região pelos três anos seguintes.

Esta é uma das fotografias recuperadas que quase não se conhece. Parece que há um verdadeiro confronto entre Dyatlov e Zolotariov. O cadaver de Dyatlov mostrava lesões nos punhos, típicas de uma briga, mas se diz que as contusões que todos apresentavam foram produzidas pelos espasmos e a agitação anterior à morte por congelamento.

As teorias sobre as morte

"Eu tinha doze anos a época, mas lembro perfeitamente da repercussão pública sobre esse incidente à despeito das tentativas das autoridades de manter parentes e investigadores em silêncio", disse Yury Kuntsevich, chefe da Fundação Dyatlov, que tenta solucionar o mistério.

Ao longo dos anos, muitas pessoas tentaram compreender o que aconteceu naquela noite fatídica de primeiro de fevereiro de 1959, nas encostas do Kholat-Syakhyl. Alguns, como Igor Sobolyov, ficaram fascinados pela tragédia dos jovens esquiadores. “Essas montanhas se tornaram célebres pela tragédia, atraindo curiosos de todos os cantos. É como se as pessoas que morreram lá em cima tivessem deixado um legado, eles travaram uma espécie de batalha contra o Desconhecido".

Mas qual exatamente é a natureza desse "Desconhecido"? Contra o que eles travaram uma batalha? O que fez os estudantes fugirem em desespero, abandonando suas tendas, deixando para trás equipamentos e suprimentos? Como parte do grupo terminou morto e enterrado em um buraco de quatro metros de profundidade? Há muitas teorias.

Assassinados pelos Mansi

Uma das primeiras teses exploradas pelos investigadores é que os estudantes teriam sido vítimas de habitantes locais da região, os Mansi. A tribo é conhecida por proteger seu território contra invasores, sobretudo locais considerados sagrados.


Há um precedente histórico que apoia essa teoria: na década de 1930, o shaman da tribo ordenou a morte de uma equipe de geólogos que escalaram uma montanha proibida. Mas nesse caso, embora a montanha seja citada no folclore Mansi, ela não é considerada sagrada ou um tabu tribal. Uma coincidência desagradável é que Otorten, o destino final da expedição significa "não vá até lá" no idioma Mansi, enquanto Kholat-Syakhyl significa "Montanha dos Mortos", não parece o tipo do lugar onde membros da tribo vagariam à espera de alguém.

Além disso, o vilarejo Mansi mais próximo se localiza a aproximadamente 80 Km do local onde os corpos foram encontrados. Os Mansi raramente se afastam tanto de seus povoados, sobretudo durante o inverno quando o clima rigoroso dificulta a caça e pesca.

Em face das poucas evidências, a teoria de um ataque por parte dos Mansi foi rejeitada, até porque os próprios Mansi ajudaram nas buscas pelos corpos.

Mortos por ladrões

Outros sugeriram que o grupo simplesmente topou com um bando de ladrões que estavam de passagem pela região, ou foi confundido com prisioneiros em fuga de um dos campos de trabalhos forçados existentes nas montanhas.

Ladrões habitando as montanhas não seria algo totalmente impossível, mas é algo bastante improvável em virtude do clima. Além disso a região é deserta, tornando-a pouco atraente para ladrões que teriam de esperar pela improvável passagem de vítimas. Os campos de prisioneiros por sua vez não reportaram a fuga de nenhum condenado nos meses anteriores a tragédia na passagem.

Criminosos foragidos se escondendo nas montanhas também seria uma teoria, mas se esses criminosos atacaram o grupo por que eles não roubaram os pertences deles deixados nas barracas, afinal de contas, viver em um ambiente desse tipo exige todo o tipo de suprimento.

As três hipóteses baseadas em envolvimento humano esbarram em um mesmo fator: a ausência de pegadas nas proximidades da tenda e ao redor dos corpos encontrados. Além disso, o Dr Boris Vozrozh, legista que examinou os corpos, concluiu que os ferimentos não pareciam ter sido causados por ação humana. "Os ferimentos parecem decorrentes de batidas fortes, semelhante ao dano resultante de uma batida de carro", explicou.

Mas se seres humanos não foram os responsáveis pelas mortes, então o que poderia ser?

Teoria sobre Criaturas mitológicas

Os misteriosos ferimentos, de acordo com o criptozoologista russo Mikhail Trakhtengertz, sugerem que uma criatura suficientemente forte poderia ter abraçado os estudantes causando a fratura de costelas verificada em dois dos corpos recuperados.

Avistamentos de criaturas selvagens, os chamados monstros da neve, são relativamente comuns na Rússia - afinal de contas o país possui vastas regiões cobertas de neve que oferecem esconderijos perfeitos para uma criatura dessa natureza encontrar proteção.

Os típicos monstros da neve, presentes no rico folclore russo são descritos como humanoides gigantescos com mais de 3 metros de altura e o corpo coberto de pelos brancos que lhes concede camuflagem na neve. Essas criaturas segundo o mito são carnívoras e atacam invasores de seus territórios.

Trakhtengertz apresentou como indício de sua teoria, um trecho do diário escrito por um dos estudantes no dia anterior à sua morte. Ele escreveu: “Agora sabemos que o abominável homem das neves realmente existe, ele pode ser encontrado ao Norte dos Urais, próximo a Montanha Otorten.” Mas dado o tom bem humorado das anotações o comentário parece ser apenas uma brincadeira, ao invés de uma genuína anotação a respeito de algo que foi visto.

No campo das sugestões envolvendo o folclore russo, também foi cogitado que os estudantes poderiam ter inadvertidamente cruzado o caminho de gnomes. Essas criaturas que segundo as lendas, vivem em cavernas e passagens profundas no interior de montanhas, são descritas como selvagens e perigosas.

Mas se tais criaturas atacaram o grupo, por que quatro membros da expedição haviam sido enterrados? Se o ataque foi realizado por criaturas, essas criaturas não teriam se alimentado das vítimas que conseguiram capturar?

Teoria de forças sobrenaturais e a maldição dos 9

A tribo Mansi, cuja ajuda foi muito importante no trabalho de busca e resgate dos mortos, pois eles conheciam a área como a palma da mão, tinham bem claro: os garotos foram atacados pelos espíritos das montanhas. Fantasmas, seres etéreos, os verdadeiros donos da região. Eles não aceitam intrusos, protegem todo o ambiente das agressões que os seres humanos fazem contra a natureza.

Os mortos de sua tribo eram caçadores e os poucos caçadores que adentram a área procuram não ficar por lá à noite.

Os garotos eram mais que intrusos, eram 'estrangeiros' cortavam galhos das árvores, faziam fogo, em qualquer momento puderam faltar com o respeito ao espíritos da montanha e pagaram caro.

Se tomarmos em conta os diários encontrados na barraca, Igor Dyatlov escreve que sua rota segue um caminho de caça Mansi e que no dia anterior, um caçador havia andado pela zona.

Eles deixam marcas nas árvores, dizendo quantos caçadores passaram pelo lugar e a qual clã pertencem. Em uma das fotografias das câmeras encontradas, se vê Igor posando junto a uma dessas marcas.

'Mansi, Mansi , Mansi. Estas palavras se repetem com mais frequência em nossas conversas.
Mansi são gente do norte.
Pessoas muito interessantes e únicas que habitam os urais polares do norte.
Fechados na região de Tyumen. Eles tem uma linguagem escrita e deixam sinais característicos em árvores do bosque.'  - Escreveu Igor no dia 30 de janeiro.

Foram os espíritos das montanhas que aterrorizaram os jovens? Paralisaram eles de medo até que morressem congelados?

O certo é que a maldição dos nove se repete. Os caçadores Mansi mortos da lenda eram nove. Os esquiadores do grupo de Dyatlov também eram nove. Em 1960 um avião com nove pessoas, entre pilotos e geólogos, chocou no sopé da mesma montanha. Morreram os nove e ao recuperar a caixa preta, não encontram nenhuma explicação do acidente. Atualmente, os excursionistas evitam passar em grupos de nove.

Teoria a respeito da ação de Extraterrestres

A ideia a respeito dessa teoria veio do depoimento de um grupo de excursionistas que se encontravam acampados há vários quilômetros ao sul, e que afirmaram terem visto na noite das mortes, várias esferas de cor laranja sobrevoando a zona onde se encontravam os esquiadores.


Curiosamente, um dos defensores desta teoria era um militar, que não podia mostrar as provas por estarem classificadas, mas afirmava que existiam. Este cavalheiro era Lev Ivanov. Levou muito em conta o depoimento dos excursionistas e nessa direção, dirigiu a sua investigação, mas o obrigaram a fechar o caso e seus arquivos foram classificados.

Com a queda da URSS, estes supostos arquivos ovni não apareceram com o resto de arquivos desclassificados. Ivanov fazia questão de dizer que precisamente os seus, se encontravam entre os 'não desclassificáveis'.

A teoria de Ivanov aponta a que durante a noite de primeiro de fevereiro, várias esferas de cor laranja, vistas pelos excursionistas que foram testemunhas e vários habitantes de cidades da zona e de procedência alienígena, sobrevoaram o acampamento dos nove esquiadores. O pânico se espalhou e fugiram. Talvez não lhes atacassem, mas naqueles anos o medo de luzes no céu estava muito enraizado. Estavam em plena guerra fria… Ou talvez sim lhes atacaram, lhes obrigando a fugir da barraca e a abandona-la, se escondendo no bosque. As feridas que quatro dos esquiadores sofreram, segundo Ivanov, poderiam ser da colisão de uma nave e o impacto de algum fragmento.

Não encontraram restos de nenhuma nave, mas para Ivanov a resposta está na rápida atuação do exército, que poderia ter levado embora os restos. Os primeiros a encontrarem o acampamento foram os soldados soviéticos a bordo de um avião. Até que chegassem a equipe de resgate do Instituto Politécnico e os civis, havia passado ao menos um dia, porque já haviam se afastado da zona, e desde o início, pensavam em encontrá-los vivos.


A coloração da pele e cabelos, a radioatividade na roupa e a paralisia dos corpos, indicava a Ivanov que foram objetos de um ataque alienígena. Também parecia que ele levava em conta a ausência da língua de Dubidina, por ser similar as mutilações de gado.

É curioso que esta afirmação venha de um militar. Ele realmente acreditava ou tentava tapar algum assunto do exército?

Muitas pessoas questionam as afirmações de Ivanov, ponderando que se algum tipo de nave caiu na região, como ele chegou a cogitar, ela deixaria marcas na neve e em árvores e mesmo que os militares tenham recuperado a nave, certas marcas ainda seriam visíveis quando a equipe de resgate chegou ao local.

Teoria do uso de substâncias tóxicas e viciantes

Embora pouco provável, chegou-se a cogitar que os jovens tivessem feito uso de alguma substância que tenha sido responsável por atitudes tão desesperadas e desmedidas dos mesmos. Essa teoria não costuma ser levada muito a sério, mas abordaremos ela mesmo assim.

Uma garrafa de vodka foi encontrada dentro de uma das barracas segundo informações liberadas sobre o caso, mas não indicam se cheia ou vazia. Também a teoria da comida em mau estado veio a tona, afirmando que o grupo havia ingerido bagas alucinógenas (que brotam na neve...) ou substâncias do gênero.

Isso explicaria, segundo esta teoria, o repentino calor que sentiram, o ataque de pânico, a desorientação, as alucinações...Mas não sabemos se sofreram alucinações ou se estavam vendo algo real. De fato, o grupo se organizou bastante bem, se protegendo do perigo que era a barraca. Parece que todos viram a mesma coisa pela sua forma de atuar, se mantiveram juntos todo o tempo e não estavam nada desorientados, porque na escuridão da noite e soprando um vento que arrastava a neve, foram capazes de se encontrarem (essas afirmações excluem o grupo de quatro pessoas que foram enterrados).

A análise do conteúdo dos estômagos das vítimas não mencionava nenhum tipo de substância estranha ou que comprovassem tal teoria.

Outro fator importante é que os jovens que fizeram parte da expedição a montanha da morte tinham experiência nesse tipo de excursão, logo eles não se arriscariam a usar qualquer tipo de droga em tal ambiente. E mesmo que o uso desse tipo de substância tenha acontecido, dificilmente todos os membros teriam feito isso.

Lendo os seus diários se aprende muito sobre eles. Fora a garrafa de aguardente que todo Russo leva nas estepes Siberianas, eles estavam dispostos a não fumar. Kolmogorova escreve no seu diário:

'Os garotos juraram solenemente que não fumariam durante toda a viajem. Me pergunto quanto possuem de força de vontade e se podem viver sem cigarros?'.


O último abastecimento antes de subirem ao trem, que levaria eles através do bosque, foi em Zavchoz no dia 23 de Janeiro. Compraram farinha de aveia, enlatados e carne em conserva. Kolmogorova aponta que se esqueceram do sal.

Que houvessem ingerido algum produto em mau estado é algo que não se pode descartar, nem o fato de que um ou dois deles houvessem atacado os demais, mas isso não explica o medo nem a morte dos 9. A não ser que não tivessem consciência do que estavam tomando.

Também se fala da 'Neve tóxica', cuja água puderam beber ao derretê-la. A neve tóxica seria o produto de experimentos químicos e biológicos do exército, bombardeios, fugas de centrais de água, que ao subir na atmosfera se transformaria em chuva e forma a neve das montanhas.

Teoria da Avalanche

Esta foi a primeira versão quase oficial. Moisei Akselrod, um amigo de Dyatlov, é uma das pessoas que defende essa teoria. Ele acredita que uma avalanche tenha atingido o acampamento no meio da noite. Alguns dos esquiadores se feriram gravemente no deslizamento e os outros tiveram de fugir às pressas para a floresta deixando tudo para trás. Retornando depois para o acampamento eles retiraram os feridos e tentaram mantê-los aquecidos, mas estes acabaram sucumbindo. Posteriormente, o frio extremo do inverno acabou matando a todos. Os corpos teriam sido enterrados por homens da tribo Mansi de passagem pela região.

Evgeniy Buyand e Valentin Nekrasov, experientes esquiadores, também defendem a versão de que o caso foi resultado de um acidente. Afirmam que os ferimentos das vítimas são condizentes com o impacto de um grande deslizamento de neve que cobriu parte do acampamento e forçou os outros a fugir. O crânio quebrado de Thibaux Brignolle foi resultante do impacto, enquanto Dubinina mordeu e arrancou a própria língua.

Os céticos dessa teoria apontam para o fato dos esquiadores terem percorrido uma distância de mais de um quilômetro à pé em uma temperatura de -30º C. Eles teriam então retornado para encontrar seus companheiros feridos e os carregado para o local afastado onde foram encontrados. Se eles estavam em condições de resgatar seus companheiros, porque não foram capazes de descer a encosta em busca de ajuda? Porque teriam simplesmente ficado na montanha aguardando a morte? Além disso, porque não resgataram suas provisões na barraca?

A verdade é que o tempo havia piorado, dificultando a visibilidade. Eles mesmos escreveram isso em seus diários. A zona da montanha que eles escolheram para acampar era propensa a sofrer avalanches e eles sabiam. Por isso uma das dúvidas que surgiram foi por quê escolheram esse lugar, já que não era o mais apropriado.

Chegaram a pensar que devido ao mau tempo, eles erraram o caminho e muito cansados para retroceder, acamparam naquele lugar.

Yuri, o único sobrevivente, não concorda com essa teoria. Ele conhecia a forma de pensar de Dyatlov e na sua opinião, era certo que o mau tempo os atrasou mais do que o previsto e o acampamento deveria ser a 20 quilômetros mais adiante, mas em lugar de retroceder e perder mais tempo ou avançar sendo mais perigoso, o mais lógico era acampar exatamente onde o fizeram.

Era certo que a ladeira produzia avalanches ocasionais, mas nada indicava que fosse ocorrer uma e estavam o suficiente longe para fugirem e se protegerem.

Tendo isso em conta, não é estranho pensar que o medo a um desprendimento de neve não estivesse presente entre eles, haviam aceitado correr o risco. A teoria oficial continua indicando que durante a noite, um potente ruído fez com que eles acreditassem que estava acontecendo uma avalanche, por isso sua saída precipitada da barraca e a corrida para se protegerem no bosque.


Uma das últimas fotos do grupo estabelecendo o último acampamento na imagem acima.

Não houve nenhuma avalanche, nem nessa noite nem depois. A neve que cobria a barraca e os corpos era mínima e normal em uma montanha que neva. O equipamento dos jovens estavam cravados, rodeando a barraca, do mesmo jeito que eles deixaram como demonstra as últimas fotos tomadas pela equipe e pelo grupo de resgate. Se houvesse um movimento da neve, estariam cobertos ou deslocados e não assim.


O equipamento segue na mesma posição como mostra a imagem acima.

Não houve desprendimentos, cuja a teoria oficial continua dizendo que o ruído que lhes assustou pôde ter sido de um avião em testes, já que perto há uma base militar e isso explicaria as luzes cor de laranja avistadas pelos excursionistas.

Um esportista qualificado sabe distinguir o som de um avião e da neve deslizando. Porém, mesmo que fosse assim e a tensão lhes fizessem se afastar da barraca, ao ver que não havia perigo e que estavam congelando, teriam voltado por suas roupas de abrigo, coisa que não fizeram.



Nestas fotos se pode ver quais eram as condições meteorológicas durante o seu último trajeto. Como podem ver, eles vão muito bem agasalhados.

É de dia, e no diário do grupo indicam que a temperatura é de -18º a -24º . O sol está a ponto de se pôr as 17:02 horas. A última anotação do diário de Dyatlov diz:

'Não podemos deixar que qualquer um em nossa situação comece o acenso às montanhas. Próximo das 16:00, devemos escolher o local do acampamento. Há vento, um pouco de neve. A camada de neve é de 1,22 metros de espessura. Cansados e esgotados, começamos a preparar a plataforma para a barraca. A lenha não é suficiente. Não cavaremos um fosso para o fogo. Cansados demais para isso. Apenas jantamos dentro da barraca. É difícil imaginar um grande consolo em algum lugar da cordilheira, com um vento penetrante, à centenas de quilômetros de distância dos assentamentos humanos.'

Os danos em seus corpos não poderiam ser produzidos por uma avalanche, porque na linha de pegadas se verifica que todos eles saíram por suas própria pernas. Deveras, as feridas no crânio e tórax lhes imobilizariam por completo e de imediato. Teriam que tirar os seus companheiros da barraca e levá-los, mas não há marcas de arrasto e precisamente os mais feridos foram os últimos a morrer.

Alguém notou uma espécie de cruzinha que se vê na foto tomada pela equipe de resgate na barraca?


Foi tomada no dia 26 de Fevereiro. O que está de costas é Vadin Brusnicin, companheiro dos falecidos do instituto politécnico e dos primeiros a iniciar a busca. A barraca é inconfundível, já que a fabricaram unindo duas tendas de Dyatlov e de seu amigo Boris Slovkov, que foi quem encontrou e reconheceu a tenda.

É a primeira foto tomada da tenda de acampamento, quando ainda acreditavam que encontrariam os seus companheiros vivos.

A cruz não tem nenhum significado religioso, já que estamos na antiga união soviética, um estado ateu. E essa mesma cruz, aparece na última foto da equipe perdida enquanto montavam esse mesmo acampamento no dia 1 de fevereiro.


Ou então se trata de parte do equipamento ou um sinal para saber onde se estabelecer. Não está coberta pela neve.

Em 25 dias, as condições climáticas não mudaram muito, como se pode ver nas fotos da equipe de resgate.


Teoria da conspiração militar

Depois de analisar as outras teorias, muitas pistas apontam para essa. Armas químicas, teste de mísseis, protótipos de aviões sobrevoando a zona.

Não era desconhecido para ninguém que aquela foi uma zona de manobras militares. Grande parte da área era militar. Ecaterimburgo estava rodeada de mísseis antiaéreos.

Naqueles anos, estavam experimentando um protótipo de míssil que, segundo relatos de militares da época, apresentou muitos casos de falha.

Eliminar testemunhas inoportunas não era um problema para eles. Acredita-se que os militares conheciam a rota que seguiriam os rapazes, mas acidentes acontecem. Perto de Sverdlovsk, existia um grande complexo de experimentação de armas químicas.

Entre os tipos de armas que poderiam estar experimentando, se fala de algo que explodiu, mesmo que não aparecessem restos, o que explicaria os danos físicos de 4 dos garotos. Algum tipo de spray paralisante, ressonâncias ultra-sônicas que produzem confusão momentânea, um forte reflexo que pudesse cegá-los, alguma arma química.

Qualquer coisa que justificasse sua fuga e porque não voltaram para a barraca.

Poderiam ser testemunhas incômodas, sendo preciso executá-las.

Aviões de teste sobrevoando a zona e talvez borrifando algum produto, é algo que não se pode descartar.

E o que opinava Yuri?

Ele sempre esteve convencido de que os militares tivessem algo a ver. Teve que reconhecer os corpos de seus amigos, que a julgar pelas fotografias dos cadáveres, não deve ter sido nada agradável e ainda explicar que roupa era de quem.

Também identificou 2 materiais que não pertenciam ao grupo, um pano militar e uns óculos, também militares.

Encontraram 3 câmeras dentro da barraca, todas com fotografias similares de distintas perspectivas, mas ele insistiu que eram 4 câmeras, as levadas pelos seus companheiros. Também faltava um dos diários.

Yuri Yudin também menciona que em algum momento da investigação, ele viu uns documentos que indicavam que os militares começaram as indagações 10 dias antes de que começassem a busca oficial pelas pessoas do instituto politécnico. Mas esses documentos também desapareceram. Também viu como tiravam da sala de necrópsia, recipientes com os órgãos de seus amigos para enviarem a laboratório, que nunca chegaram. E se chegaram, não há informe deles. Apesar de que os informes forenses preliminares são muito detalhados e profissionais.

Yury Kuntsevich revelou que uma expedição em 2007 descobriu uma espécie de "cemitério" de peças de metal e sucata nas montanhas próximas ao incidente. "Não há como esse material ter chegado ao local a não ser voando" disse “é possível que estes restos pertenciam a algum aparelho testado pelos militares, talvez até mesmo ao veículo que causou a tragédia de 1959”.

A teoria de Yudin é que os esquiadores escolheram justamente um local onde testes militares eram conduzidos. Eles teriam se assustado com o que viram e fugido para a floresta sem entender o que estavam presenciando, no processo alguns teriam morrido. Para acobertar os experimentos secretos, as autoridades teriam eliminado os sobreviventes.

Isso leva à questão central: o que os soviéticos estariam testando nas montanhas? Não é segredo que o governo soviético realizava testes com armas e tecnologia no decorrer de todo período da Guerra Fria. A área é ideal para esse tipo de teste, pois oferece condições de isolamento que permitem a realização de testes sem testemunhas civis, a presença dos esquiadores seria então uma trágica coincidência. Yudin relaciona a decisão de eliminar as testemunhas com a mentalidade da época: "civis poderiam revelar o que viram e isso seria um problema para as autoridades. Do ponto de vista prático, eles simplesmente não podiam deixar as montanhas". Além disso, se houve contaminação por radiação, os estudantes já estavam condenados. Eliminá-los antes que eles apresentassem os efeitos nocivos era uma maneira de preservar o segredo.

Mas embora essa explicação pareça se encaixar no caso, ainda fica a dúvida a respeito da ausência de pegadas na área. Se os militares estiveram presentes, eles teriam deixado pegadas na área inteira.

Teoria da espionagem

Por último, chegaram a afirmar que ao menos um dos membros da equipe era um espião infiltrado. Também há quem opine que todos eram espiões ou estavam trabalhando em algum projeto secreto dentro do instituto politécnico. É certo que 3 eram estudantes de engenharia, mas o resto era de rádio e de economia. O suspeito é o guia Zolotariov, era mais velho que os demais (37 anos), usava um nome falso (Não se chamava Alexandre, mas sim Cemen) de origem Cossaca e esteve no exército. Era um veterano de guerra de um pelotão em que só sobreviveram 3%, tinha 3 medalhas de honra, quando no máximo os veteranos tinham apenas uma e antes da segunda já estavam mortos.

Isso explicaria porque havia uma peça de roupa contaminada por radioatividade, ainda que leve.
Naquela época, os ocidentais não tinham um acesso fácil para se infiltrar como espiões, assim que contratavam a cidadãos russos. Sua missão era localizar os lugares onde poderia se enriquecer urânio, por isso trocavam com o espião em questão, um objeto ou uma peça de roupa impregnada de radiatividade. A central nuclear secreta de Tomsk-7 foi descoberta assim, mediante o intercâmbio do boné de um esquiador contaminado de radiação. Estima-se que Zolotariov seria um espião duplo e lhe contatavam para entregar uma peça contaminada, mas era uma armadilha para que a KGB pegasse o ocidental.

Muitas teorias, mas nenhuma solução.

Dados sobre as roupas dos jovens mortos

Nas fotografias dos cadáveres, estes estão vestidos. Nas descrições da misteriosa história muitas vezes se afirma que os jovens estavam sem roupas, ou com roupas curtas, mas na verdade ele vestiam o que se chama de roupa de interior.

Os esquiadores levavam dois tipos de roupa, a de estar dentro da barraca, que é a que se considera como roupa de interior (roupa de interior da barraca), e a de abrigo externo. A roupa de interior eram camisetas de manga curta, camisetas de manga longa, blusões (um ou dois), calças grossas e vários pares de meias. Também tinham um calçado especial para andar pela barraca. Saíram da barraca com a roupa de repouso deixando a de abrigo externo e os dois pares de sapatos. É estranho que não levassem postos seus sapatos de interior da barraca, podendo que o incidente ocorresse justo quando estavam trocando de calçado.

Os cadáveres encontrados sob a árvore sim levavam pouca roupa, mas porque seus colegas cortaram-nas em pedaços para se abrigar, uma vez que estavam mortos e certamente em rigor mortis, por isso tiveram que cortar a roupa.

Isto descarta a teoria do 'paradoxo do nu' por hipotermia, teoria que diz que em momentos de hipotermia extrema, os afetados começam a tirar a roupa, desorientados. Eles não estavam desorientados, porque tentavam manter o calor por todos os meios. Mas alguns blusões de lã e umas calças, em uma noite que superou os -20º centígrados (especula-se que com uma sensação térmica de uns -30º devido ao forte vento que soprava), era praticamente o mesmo que estar nu.

A Barraca

Inicialmente, se pensou que os rasgos na barraca, foram produzidos a partir de fora. Foi no depósito de provas onde a faxineira sugeriu que pareciam estarem feitas a partir de dentro. Ela tinha razão, tiveram que aceitar esta teoria.



O mistério segue aqui na barraca de acampamento, junto com seus objetos pessoais, roupas de abrigo e o motivo que provocou suas mortes.


A lona é grossa, não teria sido mais fácil cortar as amarras que fechavam a barraca do que cortar ela própria?


As marcas do tecido mostram que os cortes foram realizados a partir do interior.


A barraca segue sendo o maior mistério sem solução do caso e a que menos provas úteis proporciona. Ao localizá-la, todos tinham a esperança de encontrar a equipe com vida, no entanto, o seu interior não foi investigado como deveria. Não foram feitas fotografias, foram separados os objetos pessoais para entregá-los aos familiares, o diário do grupo apareceu, mas desapareceu o de Zolotariov. Não foi feito um inventário preciso.


Dyatlov projetou uma estufa especial para colocar no interior da barraca, como se vê na foto acima. Na última noite não a montaram, estavam muito cansados e não tinham lenha.

A última foto

Dizem que esta é a última fotografia que os garotos fizeram. A câmera pôde ser disparada por acidente, no teto da barraca havia um lustre. Ou também pôde ter sido disparada depois, durante a manipulação dos objetos encontrados.


Os arquivos do caso

Apenas em meados de 1990 os arquivos do caso foram abertos ao público, até então eles permaneciam secretos. O conteúdo desses arquivos ao invés de revelar os acontecimentos, tornavam o incidente nas montanhas ainda mais misteriosos.


Segundo os documentos, a perícia médica encontrou altos níveis de radiação nos corpos e roupas de quatro dos esquiadores, como se eles tivessem manipulado materiais radioativos pouco antes de morrerem. O investigador chefe da polícia, Lev Ivanov, descreveu que um Contator Geiger foi usado na área do acampamento na encosta da montanha, apresentando uma alta concentração de radiação.

Os documentos liberados não continham nenhuma menção sobre a autópsia ou condições dos órgãos internos das vítimas. "Nós sabemos que nesses casos autópsias completas são realizadas, mas não foram localizados os laudos dos médicos chamados para essa tarefa". Kuntsevich afirma que os médicos pertenciam ao exército e que foram trazidos especialmente para conduzir o exame. O nome deles sequer é mencionado nos documentos apresentados. Os laudos médicos eram incrivelmente simples, sem informações vitais o que sugere um acobertamento das conclusões.

Dois anos após o incidente, a União Soviética enviou um satélite artificial para o espaço - o Sputnik, lançado da Base de Baikonur no Cazaquistão; pouco depois, Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem a viajar pelo espaço. Seria possível que o sucesso repentino do programa espacial russo estivesse ligado a esse mistério? Até meados de 1955, o serviço secreto norte-americano não acreditava que os soviéticos fossem capazes de avanços significativos na corrida espacial. A partir de 1959, as coisas mudaram drasticamente, o programa avançou incrivelmente.

O legado do Incidente na Montanha da Morte

Desde que detalhes foram divulgados a respeito da tragédia a partir de 1990, pesquisadores continuam a buscar respostas. O jornalista Anatoly Guschin, foi uma das primeiras pessoas a estudar os arquivos originais, e sustenta que nem todos os documentos do caso foram apresentados ao público. Em 1999, ele publicou um livro intitulado "O Preço dos Segredos de Estado" a respeito de sua teoria a respeito de armas secretas e uma conspiração militar para cobrir o caso. Lev Ivanov também acredita em uma conspiração, já que foi coagido a enterrar o caso, mas ele morreu acreditando que os esquiadores foram mortos em uma espécie de contato alienígena.


Em 2000, uma rede local de televisão filmou um documentário à respeito da tragédia nas montanhas. Desde então o caso ganhou ainda mais repercussão. A Fundação Dyatlov continua buscando uma solução para o caso e tenta junto à justiça russa uma reabertura do caso.

Em 2010, seis indivíduos que fizeram parte da equipe de resgate e 31 experts em sobrevivência na neve se reuniram em Yekaterinburg para uma conferência organizada pela Universidade Técnica dos Urais (a antiga Politécnica), a Fundação Dyatlov e várias entidades não governamentais. Eles concluíram que os militares estavam realizando testes na região e que foram estas experiências que causaram a morte dos esquiadores. O Ministério da Defesa da Rússia não se manifestou à respeito.


O que realmente aconteceu em no dia 1-2 de fevereiro de 1959, provavelmente jamais será conhecido mas Dyatlov e seus amigos dificilmente serão esquecidos. O local onde ocorreu o incidente recebeu oficialmente o nome de "Passagem Dyatlov".

Agradecimentos a amiga Maria Reis pela sugestão.

Fontes: Rusmea e Mundo Tentacular

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