Medo
Contos bizarros: Parte 2 - O poder da mente
Quem tá curioso com a continuação do nosso conto bizarro? Aqui está a segunda parte!
Passei o dia forçando-me a focar nas atividades, porém estava muito dispersa. Visitei a fisioterapia e chequei se estava tudo bem. Passei na pediatria para rir um pouco com as crianças, mas de longe identifiquei uma criança chorando e todas as lembranças do sonho voltaram. Saí imediatamente de lá, e liguei para minha mãe.
Perguntei se estava tudo bem com meu filho e ela me assegurou que sim. Notou a fraqueza na minha voz. Tinha comido pouco durante o dia e talvez estivesse refletindo na saúde. Tranquilizei-a dizendo que tomaria uma vitamina para melhorar, e que passaria mais a noite em sua casa. Ela concordou e me desejou boa sorte.
“Repentinamente, seu rosto virou em minha direção e ele abriu os olhos”
Momentos antes do início da cirurgia, eu visitei o paciente em seu quarto, como de costume. Ele parecia estar adormecido. Entrei somente alguns passos da porta e o ambiente parecia carregado de energias controladoras. Logo senti tontura. Saí rapidamente de lá e o observei pela janela. Repentinamente, seu rosto virou em minha direção e ele abriu os olhos. Naturalmente, me assustei por ter sido flagrada e fiquei imóvel. Ele sorriu. Como se soubesse exatamente como estive me sentindo durante todo o dia.
Os anestesistas passaram por mim e avançaram por todo o espaço que me recusei invadir. Ele pareceu ser bem suave. De longe ouvi seu riso. Idêntico ao que ouvi antes de abrir os olhos. Em seguida, olhou para mim novamente. Fiz questão de sair de seu campo de visão. A cada hora que passava, eu estava mais fraca, sentindo-me mal. Fui para o exterior do hospital e fiquei lá até a hora em que me chamaram para me preparar. Respirei fundo e encarei todo o desafio. Confiava em mim, assim como toda a minha equipe, e parece que até mesmo o tal ilusionista. Mas não fazia sentindo todos esses sonhos e essa fraqueza se a vida dele estava em minhas mãos.
“Não era câimbra. Pareciam mãos segurando-me”
A sala de cirurgia estava com a luz ambiente e ele estava adormecido pela anestesia. Mesmo assim, pareceu sorrir quando entrei. Espantei todos e quaisquer vestígios de insegurança e fui para perto de seu cérebro me posicionar para dar início ao processo. Respirei fundo novamente e comecei a cirurgia.
Aparentemente o aneurisma estava fácil de retirar e isso aliviou minha tensão. Porém, quando estava quase o pegando para eliminar completamente o problema, algo endureceu minhas pernas. Não era câimbra. Pareciam mãos segurando-me. Repentinamente minhas mãos tremeram e quase perfurei seu cérebro em região desapropriada. Retirei todos os objetos de cirurgia de perto e respirei fundo tentando voltar a concentração. O riso começou bem baixinho, eu podia escutá-lo. Vagarosamente foi aproximando-se, aumentando o tom. Misturou-se com o choro de bebê, o mesmo da noite passada, e isso me fez chorar também.
“Os sinais vitais dele começaram a diminuir, o batimento cardíaco estava quase parando”
Estava chorando feito uma criança e todas as enfermeiras vieram me socorrer, bem preocupadas. Os sinais vitais dele começaram a diminuir, o batimento cardíaco estava quase parando e eles precisavam tomar alguma providência. Tentei me recompor o mais rápido possível, mas algo gritava dentro de mim ‘você não vai conseguir, você não deve conseguir’ e eu chorava. Simplesmente chorava.
Seus batimentos cardíacos zeraram e ele abriu os olhos no mesmo instante. Humanamente impossível por estar anestesiado, mas seus olhos me localizaram e focaram em mim. Foi aí que minha fraqueza pareceu dominar o corpo e caí desacordada no chão.
Logo postaremos a terceira e última parte!
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