Caminho Incomum
Medo

Caminho Incomum



Acordei mais uma vez, para me preparar para a minha rotina exaustiva de estudos do ensino fundamental em uma escola próxima à minha casa. O dia hoje não estava como os anteriores, o sol ainda não havia nascido e a escuridão parecia tomar conta... Eram 6:14, eu estava muito cansado para acordar, não havia dormido quase nada durante a noite, mas não poderia usar isso como desculpa para faltar aula, então acendi a luz do meu quarto e fui levantando lentamente para me trocar e ir para o banheiro terminar de me arrumar.

Até agora, tudo estava calmo e tranquilo, apesar da escuridão ameaçadora em uma manhã tão gélida e mórbida, eu me sentia desanimado como sempre para encarar a minha rotina, mas não poderia escapar. Depois de pronto, notei que a hora tinha passado rápido, já eram 6:50 e o sol ainda não havia nascido... O frio e a escuridão estavam reinando nesse dia. Sem nenhuma alternativa, apanhei meus materiais e um guarda chuva caso fosse necessário, e rumei para a escola.

Estava sozinho caminhando pela rua quieta e calma onde moro, a escuridão ainda estava presente, e não estava dando sinais de que iria se dissipar tão cedo. Olhei o relógio e notei que ele não estava funcionando, fiquei meio preocupado pois era um relógio novo, não havia possibilidade da bateria ter acabado, então recorri ao meu telefone para ver a hora, e este por algum motivo, estava desligado, quando tentei ligá-lo, o mesmo não funcionou...

Não podia perder tempo então apressei o passo e continue andando rumo à avenida que dava acesso à escola, ainda acompanhado da escuridão e do frio, que a cada passo parecia ficar mais insuportável. Foi neste momento, o momento em que me aproximei da avenida, que a situação começou a ficar mais estranha, meu relógio voltou a funcionar porém estava mostrando um horário diferente, segundo o relógio, era 4:28 da madrugada, mas eu tinha certeza que ele estava com defeito, então não dei muita atenção e continue o meu caminho.

No instante em que adentrei a avenida, uma sensação muito ruim me acometeu, senti-me ameaçado. Era quase iminente o perigo. Uma avenida movimentada como aquela durante a manhã, porém, até então sem nenhum carro? Sem nenhum ciclista? Nenhum pedestre? Ninguém nas ruas? Apenas eu? Me senti terrívelmente sozinho e desamparado, o frio piorava e a escuridão parecia consumir tudo ao redor.

Além da escuridão, uma neblina espessa pairava sobre a avenida, formando um manto para minha agonia e desespero ela me envolvia cada vez mais. Parei um pouco para respirar e pensei em voltar para casa, mas notei que não estava com as chaves de casa no bolso como de costume, então não poderia voltar
pois os meus pais já estavam à caminho do trabalho.

Depois da minha breve pausa, continuei andando à procura de alguma pessoa ou algum veículo, qualquer coisa viva ou em movimento. A escuridão, o frio e a neblina estavam me fazendo entrar em pânico. Então notei uma coisa estranha, eu estava andando por esta avenida já havia algum tempo, e além
de não ter visto ninguém, eu deveria ter alcançado o meu destino à alguns passos atrás, me sentei um pouco para descansar e pensar na situação, quando notei que nada nesta avenida era igual a avenida em que eu passava rotineiramente para ir a escola.

"Como? Como eu posso ter errado o caminho? Eu faço este mesmo percurso todos os dias e justo hoje trilhei o caminho errado? Definitivamente tem algo errado acontecendo aqui".

Comecei a correr enquanto chorava desesperado e ofegantemente em busca de alguma pessoa para me ajudar ou qualquer sinal de vida, que não fosse eu mesmo correndo naquele vazio, quando bati em uma placa que não consegui ler devido a pouca visibilidade causada pela escuridão, caí e fiquei no chão por alguns minutos, minha cabeça estava doendo, parecia que ia desmaiar por causa do frio e da dor, mas não, fui forte e consegui me levantar...

Foi então que os primeiros raios de sol começaram a nascer, tímidos e distantes, mas pouco à pouco, dando fim aquela escuridão absurda que tomava conta de mim e do lugar. Com a pouca visibilidade que tinha ganho devido aos raios do sol, consegui notar que aquela avenida não era totalmente desconhecida, eu já havia passado por ela inúmeras vezes, era a avenida que dava acesso a casa de uma tia, mas para ter chegado até aqui, eu teria que ter andado pelo menos durante 50 minutos, e com certeza o caminho era muito diferente do caminho da minha escola...

Me senti totalmente confuso, uma nuvem espessa tapou o sol por completo e me deixou na total escuridão novamente, o desespero desta vez não era uma opção e sim uma realidade. Tentei ligar meu celular e novamente o mesmo não dava sinal de que iria colaborar comigo, largei todos os meus materiais na calçada da avenida e comecei a correr em busca de alguma pessoa ou um animal talvez, algo para me tirar daquela solidão incansável em que eu me encontrava.

Foi então que ouvi gritos, eram gritos de desespero, dor, morte... Não sabia o que fazer, se corria para longe ou se ia em direção aos gritos, uma pessoa passou correndo por mim com um olhar apagado e sem expressão, tentei correr atrás dela, mas já havia desaparecido na neblina incomum que insistia em pairar sobre o local. Tomei forças para seguir em frente e andei em direção aos gritos que estavam ficando mais e mais fortes a cada momento, alguma coisa estava acontecendo com as pessoas e eu queria descobrir o que era, corri.

Depois de ter passado por algumas pessoas desesperadas correndo na direção contrária à direção em que eu estava seguindo, me deparei com uma senhora machucada sentada no chão, pela primeira vez no dia eu me senti aliviado e seguro, me sentei ao lado da senhora e perguntei a ela o que estava acontecendo e porquê todos estavam correndo em desespero para fora da avenida. Ela permaneceu estática, não olhava para mim e murmurava algumas palavras em um idioma que não consegui reconhecer. Sem muito sucesso, e ainda ouvindo gritos da população, resolvi continuar correndo rumo aos gritos aflitos.

Enquanto estava correndo, reparei alguns vultos indo na direção oposta a que eu estava seguindo, não tinham a forma de seres humanos tão menos de veículos ou animais, fiquei muito preocupado e assustado mas não parei de correr por conta disso.

Foi então que me deparei com as pessoas que estavam gritando em desespero, todas elas olhavam e apontavam desesperadamente para o céu enquanto gritavam com todo o fôlego de seus pulmões. Parei uma mulher loira de óculos e comecei a questioná-la sobre o porquê da histeria coletiva naquela avenida, ela olhou para mim e me deu uma resposta fantástica, quase inacreditável: "Eles estão aqui! Eles estão sequestrando as pessoas com aquelas máquinas que vieram do céu". Foi então que ela apontou para um ponto luminoso gigantesco em meio a neblina.

Fiquei em choque, não sabia o que fazer, estava dentro do meu pior pesadelo, o pior e mais inimaginável horror estava acontecendo bem diante dos meus olhos. Seres com uma aparência desumana, corpo muito alto e forte, e olhos desproporcionais ao tamanho do crânio, estavam sequestrando as pessoas, aquelas que tentavam resistir eram mortas brutalmente com algum tipo de armamento que desintegrava o corpo da vítima deixando apenas um amontoado de cinzas e pó.

Estava paralisado e não conseguia me mover, eu queria correr mas minhas pernas estavam sem força, queria gritar, mas meus pulmões estavam sem ar, não tive tempo de esboçar nenhuma reação, ele já estava muito próximo e havia levado a mulher que estava comigo. Eu sabia que seria o próximo e não podia escapar, pessoas corriam em vão destes seres... Eram muito mais rápidos e fortes que nós... Fragéis sere humanos. Eu os via quebrar os ossos das pessoas como se fossem pequenos palitos de madeira.

Quando me dei conta, eu já estava rodeado pelas criaturas desconhecidas, as perguntas bombardeavam a minha mente, por quê comigo? Como eu vim parar aqui!? Mas o tempo era curto para mim, eles estavam prestes a me pegar, era o fim...

Acordei ofegante e agitado no meio da noite, rapidamente acendi a luz do meu quarto e olhei o horário, o relógio estava marcando exatamente 4:28 da madrugada. Me levantei e corri até o quarto dos meus pais para ter certeza de que tudo não passara de um sonho ou melhor, um pesadelo.

Ainda ofegante eu os acordei e disse: "Não sairemos de casa hoje, vamos ficar e ligar para a tia Lourdes agora. Talvez ela precise sair de casa muito cedo hoje".

Escrito e Enviado por: Douglas Gouvêa



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