Medo
Buzz
Um cachorro. Ele é um vira-lata, de pelo preto e de olhos amarelos. Olhos estranhamente amarelos. Ele é encontrado abandonado, cabisbaixo e confuso, por causa que começara uma chuva, e como havia nascido nas ruas, não tinha um dono. Quando, fatalmente um carro acaba vindo em sua direção.
É assim que começa a história de Buzz. Um filhote que acabei achando no meio da estrada, em um subúrbio há 14 quadras da minha casa. Eu mal sei como consegui não matar aquele cachorro... Acho que foi pura sorte daquele asfalto não ser novo e todo esburacado que acabou salvando ele.
Inicialmente, teria saído do carro ver o
"estrago"que tinha feito, mas quando percebi o filhotinho, resolvi levar para casa. Linda certamente estaria vendo a apresentação em homenagem as mães da escola das crianças. Eu não pude ir por causa do trabalho, mas acho que o vira-lata
"quase" morto até que veio a calhar para conseguir alguns pontos com ela e as crianças.
Quando estava dirigindo para casa, notei que o vira-lata que achei tinha uma coleira escrito
"maledicam". Uma palavra muito feia para ser o nome de um cachorro. Resolvi tirar aquela plaquinha de madeira estúpida da coleira dele e chegar em casa o mais rápido possível para preparar a surpresa para as crianças.
Às 22h as crianças e ela chegaram e eu mostrei o cachorro que estava em uma caixa com cobertores que eu arrumei improvisadamente. Linda apenas olha para meu rosto, perguntando onde havia achado o cachorro. Eu expliquei, dizendo que achei no meio da estrada, perdido na chuva e resolvi trazer como presente para as crianças.
Robert e Mary brincavam com o cachorrinho, quando um deles se vira e diz que já tinha um nome para ele: Buzz.
-
Buzz? - murmurei para mim mesmo.
Eu sabia que Robert queria ser astronauta quando crescer, e que um de seus ídolos era Edwin
"Buzz" Aldrin, um dos homens que pisou na Lua. Dei uma risada e a noite prosseguiu até as 23 horas, quando eu e Linda pusemos as crianças para dormir.
- John?- Sim? - Me virei para Linda, que estava com um olhar de preocupada.
- John, sobre aquele cachorro...- Buzz? - Disse eu, a interrompendo -
Não se preocupe querida, já vou ajeitar uma consulta com o veterinário e comprar ração para cachorro...- Vamos ficar com ele?- Sim. As crianças gostaram dele. Algum problema?Linda pareca estar preocupada. Mas ignorei isso. Eu disse que ela poderia ir dormir que eu iria conferir como Buzz estava. Só foi eu deixar ele sozinho por pouco tempo que ele havia conseguido fugir da caixa e sujar a área de serviço pisando em uma possa de água suja que caiu da máquina de lavar roupas.
Dirigi meu olhar até onde as pegadas acabavam: na porta do porão, onde Buzz estava passando a pata.
- Espertinho! - Foi o que eu disse.
Peguei ele e o coloquei na caixa que seria sua casa improvisada, depois disso acabei olhando para os olhos amarelados dele. Notei que pareciam mais olhos de gato do que de um cachorro, por quão brilhantes eram... Depois de 5 minutos de nós dois se olhando, até me senti meio mal, mas ignorei a sensação e deixei a luz do corredor acesa para não deixar Buzz dormir no escuro.
Quando cheguei até o quarto, encontrei Linda já adormecida. Estranhei o fato da luz do nosso quarto já estar apagada e ela já ter caído no sono em tão pouco tempo. Só fazia 5 minutos que não nos víamos! Ela tinha sono leve, e ninguém dormia tão rápido assim! Foi aí que olhei para o relógio que indicava 03h00min da manhã! O que havia acontecido?
Eu empalideci. Desci as escadas para conferir se o relógio estava quebrado, liguei a TV no canal de vendas
(cuja única utilidade é só mostrar as horas, no mínimo) e aparentemente não estava delirando: eram 03h da manhã!
Passei a mão no rosto, cansado. Desliguei a TV e fui me dirigir para cama. Olhei para a luz do corredor e vi Buzz olhando para mim com seus olhos... Verdes. Apenas mandei ele dormir e fui para a cama, quase cambaleando. Podia jurar que o cachorro continuava a olhar para mim...
Depois daquela noite, tudo correu normalmente em minha casa. Quando me levantei
(extremamente esgotado, mas nada que um banho não resolva) e fui tomar o café da manhã, falei com Linda sobre o que aconteceu ontem.
- Sim. Após esperar você por 30 minutos para vir se deitar, fui chamar você para deitar e acabei encontrando você, escrevendo algo na escrivaninha. Eu fui me aproximar para te chamar para deitar, mas você nem virou a cara para mim e disse que tinha que fazer algo importante e que já estava indo.Apenas empalideci. Eu não fiz aquilo! Apenas coloquei Buzz para dormir! Eu não queria preocupar Linda, por isso, guardei para mim a experiência daquela noite. Naquele dia, após eu sair do trabalho, às 17h eu levei Buzz para o veterinário examiná-lo, dar as vacinas que precisava e comprar a ração de cachorro dele.
Alguns meses depois, fui procurar um psiquiatra para falar sobre o que havia acontecido naquela noite e que suspeitava que fosse sonâmbulo, apesar de não haver histórico na família. Comecei a tomar um remédio para tratar disso.
Os meses se tornaram anos, e quando menos esperava, aquele cachorro estranho que achei naquela noite de chuva já estava com 5 anos de idade. Me surpreende de quão grandes ficam os cachorros ao passar dos tempos... bem, Buzz não era lá tão grande, mas servia bem de companhia para alegrar nossa casa.
Em 5 anos bastante coisa muda, e meus filhos já tinham 9 e 8 anos. Acredito que com o passar desses anos, sinto que meus filhos estão mais distantes de mim, e Linda não parece tão feliz quanto antes. Parece até que nossa relação é um
"trabalho" que deve ser enfrentado goste ou não.
Pelo menos, eu e o cachorro tínhamos uma boa relação. Ah... Mas que idiotice. É uma puta ironia eu conseguir me relacionar melhor com um animal do que com minha própria família...
De qualquer forma, já era natal e os pais de Linda iriam fazer a ceia de véspera conosco. Eu peguei minha câmera e fui tirar umas fotos de nossa família. Tirei uma de Robert e Mary juntos na árvore de natal e algumas fotos de Linda preparando a ceia com minha sogra. Ela ficou incomodada, mas deu um sorriso tímido... Essa era a vantagem de se casar com alguém: você sempre sabe quando ele/ela está encabulado.
Tirando tantas fotos, olhei para meu amigo, Buzz e pensei:
"Oras! Nunca tirei uma foto dele!". Buzz estava encarando a TV quando eu dei um assovio e disse:
- Diga xis, amigão!Ele rapidamente me encarou e eu apertei do botão de tirar foto. Depois era só ver se ele saiu bem na foto. Se bem que para revelar o filme da câmera levaria um tempo... Poderia deixar para depois do natal.
Linda veio até mim e pediu pra que ligasse a câmera. Coloquei a câmera ligada no tripé e começamos a oração, depois eu a peguei e fui gravando comentários dos familiares... Até que fui gravar um pouco Buzz e notei que ele estava batendo a pata naquela porta que levava até o porão. Ao me perceber, Buzz olhou para mim por um tempo. Foi aí que também olhei fixamente em seus olhos e percebi que eles eram verdes... Um verde vidrante... Eles não eram amarelos? Acabei ouvindo a voz de Linda:
- Pare de brincar com o cachorro e venha fazer o amigo secreto!Coloquei a câmera no tripé e fui participar da brincadeira. Se prolongou até a 00h, quando os pais de Linda já haviam ido e eu estava pondo as crianças para dormir, avisando aquela coisa de que se não dormissem, Papai Noel não iria dar presentes para eles.
Às 01h15min da manhã Linda foi dormir e eu fui colocar Buzz para fora, dizendo que subiria logo em seguida. Após isso, deixei Buzz em sua casinha no fundo do quintal e fui cambaleando até para dentro. Porém, fiquei encarando Buzz por um tempo de longe, até perceber que seus olhos verdes acabaram brilhando, como um flash de câmera! Eu fiquei paralisado, tentando entender enquanto olhava para o meu cachorro. Entrei em casa, me arrastando de pânico e olhando para os olhos do cachorro pela tela, que não paravam de piscar.
Depois de mais um flash acabei apagando.
No outro dia, acordei todo sujo de terra e confuso. Olhei para meu relógio e eram 05h30min... Como??? Aconteceu de novo? Estava tão confuso mentalmente que nem me dei conta que estava no porão. Olhei ao meu redor e eu havia feito um buraco de 2 metros de profundidade no porão e havia arrancado tábuas e destruído móveis para fazer isso! Onde raios arrumei uma pá? O que eu exatamente fiz?
Com a visão turva e esgotado, olhei para cima da escadaria e ouvi o barulho de algo arranhando a porta. Abri ela e vi que era Buzz, batendo nela. Fiquei pálido e esperei até que ele me encarasse.
O cachorro apenas se deitou ao lado da porta. Dentro de casa estava cheia de terra, porém, a sala de estar e a escadaria não estavam sujas. Parecia que eu peguei uma pá e fui direto para o porão noite passada e fiquei cavando esse tempo todo. Quem fez isso? Buzz? Não pode ser...
E limpei rápido o tapete sujo de terra para não levantar suspeitas. Quando estava limpando, fui até a área de serviço lavar as mãos e me deparei com sangue! Tinha um corpo desmembrado de um homem que estava coberto por panos encharcados! Eu coloquei a mão na minha cabeça, tentando não olhar e vomitar.
Corri para o porão, tentando descobrir por que eu havia cavado um buraco tão fundo e o que um cadáver fazia em minha casa... Foi aí que me espantei que aquilo não era um buraco, e sim uma cova! Tinha o nome da minha esposa e de meus dois filhos escrito em cada uma. Fui verificar um quarto buraco e percebi que aquele não havia sido feito para alguém ser enterrado, mas sim que era alguma coisa que estava procurando.
Ainda transtornado, percebi que quanto mais perto do buraco eu chegava, meu nervosismo era substituído por um sentimento de dever: eu TINHA que continuar a cavar.
Cavei até encontrar um livro. Muito estranho e de metal.
Peguei o livro e percebi que haviam dois olhos verdes nele e uma escrita esquisita. Quando fui abrir ele, ouvi uma voz estranha atrás de mim.
- Eu não faria isso se fosse você...- Mas que diabos!!!Era BUZZ! Ele estava com seus olhos verdes olhando para mim. Ele sequer precisava abrir a boca para falar comigo. Era como se sua voz ecoasse em minha cabeça.
- John. Como meu servo, dê-me o livro para depois poder entregar teu corpo para mim.- Mas quem é você???- Eu sou a Beliel, a coisa que você não matou. Levei 200 anos para possuir este corpo e poder promover a grande revolução neste mundo. Mas você não me atropelou e me levou para um lugar cheio de almas para poder me alimentar. Você aceitou ser meu servo John. Agora, dê-me o livro.Eu estava transtornado. Começou a tudo ficar turvo quando olhei para os olhos verdes de Buzz. Até que finalmente, eu parei. Fechei os olhos e quando os abri de novo, meus olhos ficaram com um brilho verde anormal.
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Um jornal local, um mês depois teria postado uma notícia sobre uma onda de assassinatos durante o mês de janeiro/dezembro.
Todos os assassinatos tinham um padrão, pois as vítimas eram selecionadas, levadas ainda vivas até um porão e colocadas em um buraco de 10 metros de profundidade.
Quem teria cavado o buraco era John, o autor de todos os assassinatos. Ele fez 29 vítimas no total, incluindo sua família, amigos e conhecidos. A última pessoa ele deixou viva apenas como uma testemunha de seus atos.
Segundo ela, após ele ter agredido fisicamente, John a fez olhar fixamente a seus olhos brilhantes verdes... O seu rosto era frio e sem sentimentos. Depois ele se encostou na parede, assoviou para que seu cachorro Buzz, viesse até o seu colo e em um piscar de olhos, a vítima perdeu eles de vista. No lugar deles, apenas ficou um círculo cheio de números aleatórios no lugar.
Depois daquele dia, John ficou conhecido como
"Assassino dos olhos brilhantes". A polícia revirou sua casa e apenas encontraram uma foto muito intrigante, mostrando seu cachorro, Buzz na véspera de seus assassinatos.
Boatos surgiram sobre pessoas passarem mal e não sentirem o tempo passar ao olhar para a imagem. Outros dizem que o cachorro da foto olha no fundo de sua alma, vendo seus desejos e seus podres, e que ocasionalmente, ele pode te ceder tais coisas, se você aceitar ser servo dele.
Quando John e Buzz são vistos por alguém, geralmente acontecem infortúnios para quem os avista. John sempre está feliz, acariciando Buzz. Ambos estão com seus olhos verdes-brilhantes e seus rostos mostram expressões maléficas antes de sumirem em um piscar de olhos.
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