Medo
Biografia não autorizada de Walter Sullivan - CAPÍTULOS XVIII E XIX
Capítulo XVIII - DeusWalter compreendera o enigma envolvendo sua morte e as possíveis futuras vítimas: pessoas cujo modo de vida tem algo relacionado a um dos temas dos 21 Sacramentos é capaz de enxergar Sullivan.
O serial killer observou o modo de vida do rapaz que o vira: seu nome era Peter Walls, um estudante do ensino médio que passava a maior parte do tempo fumando maconha. Era perfeito, a vítima ideal para a "Evasão". Agora Walter precisa apenas guiar o rapaz para seu mundo alternativo.
Uma coisa interessante que Sullivan percebera é que suas "viagens" entre os dois mundos sempre era ligada por um buraco rodeado por símbolos característicos da religião de Valtiel. Se Walter fosse capaz de fazer com que Peter passasse por esse buraco, o resto seria extremamente simples.
***
Walter continuou a vigiar o jovem antes de começar a agir. Percebeu que sua rotina diária se resumia em ir ao colégio durante a manhã e passar o resto do dia fumando em um pequeno bosque perto de um hotel em South Ashfield. Era exatamente ali que Walter agiria.
Uma noite Walls estava com seus amigos no bosque, fumando. Havia conseguido a droga de um tal de Toby Archbolt. Enquanto fumavam, Peter comentou:
-É sério cara... Eu vi Deus do outro lado da rua... Tava vindo na minha direção... Foi muito louco cara!
-Pára meu! Fica enchendo a cara de maconha pra ficar falando baboseira!
-É verdade meu! Eu, do outro lado da rua! Foi a sensação mais estranha da minha vida... Era uma presença que...
Não terminou a frase. Estava olhando para cima, na sacada do hotel, com uma cara de assombro. Seus amigos olharam para o mesmo lugar que Walls, sem ver nada demais.
-DEUS!!! DEUS!!! DEUS!!!
-Caraca, o maluco ficou doidão... Queimou todos os neurônios já, hahahahaha!
De repente, Peter saiu correndo e começou a subir as escadas da área de serviço do hotel. Arrombou a porta e entrou no hotel. Seus amigos ficaram apenas olhando.
Lá dentro, Peter começou a procurar pelo seus deus. Pelo que vira, estava no segundo andar, no quarto de frente com a rua. Encontrou o quarto sem demora e entrou. Para seu espanto, não havia ninguém lá. Peter começou a ficar desesperado. Estaria realmente louco? Estaria abusando tanto assim da maconha?
De repente ouviu vozes que pareciam vir de dentro de um armário. Ao abri-lo, viu apenas um enorme buraco, escuro, frio. As vozes vinham lá de dentro. Sem pensar muito entrou, tremendo.
O buraco era extremamente longo. Quando saiu, para surpresa de Peter, parecia ter voltado para o quarto do hotel. Porém, parecia que tudo estava virado de ponta cabeça. Os móveis estavam velhos e quebrados. A cama, manchada com algo que lembrava muito sangue. A parede estava descascada e parecia sangrar.
O lugar estava dando calafrios em Walls... O buraco desaparecera para que pudesse voltar. Saiu correndo do quarto. O corredor do hotel estava em piores condições. Um cheiro terrível de carniça enchia o ar. O rapaz estava apavorado. De repente, Walter Sullivan aparece.
-Vo...vo...você não é Deus... é o demônio!
Walter se aproximava mais e mais do jovem. Este recuou até encostar na parede. Porém, começou a ouvir gritos e gemidos logo atrás dele. Tentou correr, mas algo estava segurando-o, impedindo que se movesse. Olhou sobre seu ombro e viu que várias mãos, que saíam da parede, o seguravam.
-Ótimo, segurem ele bem firme.
Dizendo isso, Walter se aproximou de Peter. O rapaz gritou desesperadamente.
-Não adianta gritar, ninguém vai ter ouvir. Esse é meu mundo.
-FIQUE LONGE DE MIM! AAAAAAAAHHHHHHHHHHHH!
Walter espancou o rapaz até a morte. Os fantasmas da outras vítimas encarregaram-se do corpo.
No dia seguinte, o corpo de Walls foi encontrado em um quarto do hotel, morto por espancamento. Em seu corpo, foi encontrada a marca registrada do assassino: 12\21. A polícia ficou catatônica. Seria um copiador?
Enquanto isso, Walter comemorava mais um passo dado em direção à ressurreição de sua mãe.
Capítulo XIX - Segredos obscurosSharon Blake era uma dona de casa como muitas outras. Com seus já 70 anos, cabelos brancos e seu chapéu rosa, vivia sozinha em sua casinha na cidade de Ashfield. Porém, ela escondia de todos um grande segredo: toda sua família era membro do culto a Valtiel: seu marido, morto vários alguns anos em uma explosão em uma mina de carvão em Silent Hill, e seu casal de filhos.
Para ela, o culto não passava de uma farsa, uma maneira de escravizar crianças órfãs. Porém, seus filhos acreditavam fielmente no culto. Por causa dessa divergência de opiniões, a filha havia cortado relações com a mãe; o filho, mais sensato e flexível, vinha visitar-la todos os fins de semana, sem excessão. E todas as vezes Sharon tentava convencer o filho da farsa do culto:
-Meu filho, não consegue ver a verdade?? Esse culto é uma farsa! As crianças são praticamente escravizad...
-Já chega, né mamãe? Só espero que Valtiel perdoe a sehora por essas blasfêmias...
-Mas filho...
-Mãe, as coisas estão meio caóticas por lá desde que padre Jimmy e o braço direito dele foram assassinados por um ex-membro com problemas mentais... Agora eu tenho a grande chance de me tornar o próximo sacerdote, será que a senhora poderia ficar ao menos um pouquinho feliz com isso?
-Feliz por meu filho acabar com a vida de crianças inocentes?
-Ok, pra mim já chega. Até semana que vem, mãe.
Sharon achava isso inconcebível. Várias vezes já tentou arrumar provas contra o culto, mas eles eram inteligentes... Tudo o que mostravam era seus padres catequizando e ensinando às crianças. Não apenas religião, mas matérias diversas. Mas, à noite, ela já ouviu gritos aterrorizados das crianças do orfanato.
Mais uma semana se passou. Era domingo, dia de seu filho vir visitá-la. Porém, já anoitecia e ele não havia chegado ainda. Sharon estava ficando extremamente preocupada. Há anos seu filho estava no culto e nunca deixara de visitá-la uma única semana, mesmo depois de seguidas brigas e discussões.
Resolveu ir até Wish House procurar pelo filho. Tinha um pressentimento ruim, seu coração estava acelerado e suas mãos suadas. Andava depressa, seu chapéu mal parava em sua cabeça. Chegando na entrada do orfanato, viu todas as luzes apagadas. Cada vez mais apreensiva, viu de repente um vulto se mover na floresta. Não era uma criança, mas sim um adulto.
-Filho, é você?
Foi atrás do vulto, mas conseguiu ver apenas este desaparecer dentro de um buraco no interior da floresta. Hesitando um pouco, entrou no buraco também.
O buraco era estreito, Sharon precisa andar agachada para passar por ele. Ao sair, encontrou apenas mais floresta. O vulto desaparecera. Continuou a andar pela floresta. O ar estava pesado, ela não conseguia ver direito e sons estranhos ecoavam ao longe. De repente, chegou à beira de um lago, onde haviam algumas lápides. Com um péssimo pressentimento, começou a ler os nomes.
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!
"Eduard Blake - 1965-2004"
Era seu filho. Então realmente estava morto! A velha caiu de costas, catatônica. Então sentiu alguém atrás dela. Olhou e viu um homem alto, cabelos loiros e um olhar vazio.
-Quem é você... o que quer? Meu filho acabou de morrEEEEEEEEEEEEEEER!
Antes de terminar de falar, foi arremessada pelo estranho no lago.
-SOCORRO! SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDAA!
O algoz esperou pacientemente pelo afogamento de sua vítima. Com o lodo da beira do lago, escreveu os números 13/21. Walter Sullivan acabava de fazer mais uma vítima.
***
No dia seguinte, a polícia encontrou o corpo de Sharon à beira do lago, sem vida.
Tenha bons sonhos, se puder...
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