Biografia não autorizada de Walter Sullivan - CAPÍTULO FINAL E EPÍLOGO
Medo

Biografia não autorizada de Walter Sullivan - CAPÍTULO FINAL E EPÍLOGO


Capítulo final: O Preço da Informação

Já se passaram 3 meses desde a denúncia feita por Joseph. A Wish House estava sendo investigada por vários crimes, variando desde tentativas de homicídios até crimes contra a humanidade. Schreiber ganhara prêmios e menções honrosas pela reportagem. Mas ainda não estava satisfeito.

O caso do assassino Walter Sullivan ainda intrigava o repórter. Cerca de 7 anos se passaram desde sua prisão e suicídio. Porém, mais mortes voltaram a ocorrer, sendo novamente assinadas pelo antigo serial-killer. As chances de ser um copiador eram remotas: geralmente tais assassinos copiam exatamente seus ídolos. Mas nesse caso, o corações não eram removidos. Joseph só chegava a duas conclusões: ou era um sósia muito inexperiente ou pouco cruel, ou aquela cova no cemitério do orfanato não pertencia a Sullivan.

***

Era quase meia-noite. A lua cheia iluminava toda região. A mata estava fechada e nem de longe aquilo parecia um dia ter sido parte de um orfanato. Joseph, munido de uma lanterna, caminhava em meio à grama alta, com uma neblina densa que não permitia que nada fosse visto.

De repente, chegou a um portão velho e quase que totalmente corroído. Sem muito esforço, abriu o portão e entrou. Era o que procurava: o cemitério nos fundos de Wish House. Sentindo o coração bater forte, começou a ler as lápides: Elroy, MacKallister, Samson... Mas nenhum Sullivan. Parou e olhou a sua volta. A neblina baixa estava atrapalhando muito. Circulou mais um pouco, até que tropeçou em um pedaço de pedra:

-Mas que merda, essa neblina maldita...

Parou. Seus olhos brilharam finalmente encontrara! Era apenas um pedaço da lápide, mas podia-se ler o nome "Sullivan". Seu êxtase era tamanho que começou a cavar com as mãos nuas, apenas para depois se lembrar que trazia uma pequena pá na mochila.

Cavou. Cada vez mais fundo. Até atingir alguma coisa dura. Era o caixão! Com a pá, abriu caixão semi-decomposto. Não sabia se ficava surpreso ou não: estava totalmente vazio.
Coberto de poeira e terra, Joseph contemplava o caixão totalmente vazio. Não havia o menor sinal de que um corpo estivera ali: ossos, unhas, pelos, cabelos... Parecia um enterro simbólico. Olhou com mais atenção. Realmente não havia o menor vestígio de qualquer coisa dentro do caixão. Até que, na tampa do mesmo, viu a inscrição: 11/21.

"O doador da sabedoria finalmente descobriu o último mistério..."

Um frio intenso correu a espinha de Joseph. Podia jurar que alguém acabara de sussurrar-lhe algo ao pé do ouvido... Mas era impossível. Estava sozinho, não havia mais ninguém.

Estava se sentindo ofegante. Seu coração parecia querer arrebentar-lhe as costelas, de tão forte que eram suas batidas. Estava suando frio. Por que tudo isso? Tinha sensação de estar sendo vigiado constantemente. Era melhor sair dali o mais rápido possível.

Suas pernas bambeavam, seus pés tropeçando em cada obstáculo. Sentia-se observado cada vez mais de perto, parecia haver um vulto atrás dele... Tropeçou novamente, dessa vez indo ao chão. Sentia a presença cada vez mais perto, e mais perto... Era como se respirassem o mesmo ar...

-AHHHHHHHHHHHHH!

Joseph acordou. Estava em seu quarto, no apartamento. Estava encharcado de suor, suas mãos trêmulas. Mas não fora um sonho: estava totalmente coberto de terra, usando as mesmas roupas de seu "sonho". Pela primeira vez, Joseph estava realmente com medo. Não um medo qualquer, mas um medo primitivo, beirando o animal.

Temia por sua vida. Precisava garantir que alguém soubesse de tudo o que descobriu. Precisava escrever um diário. Era 4 de abril.

***

"Minha cabeça... minha cabeça... Parece que ela vai explodir... Droga, devo estar ficando louco... Que lugar é esse? Que cheiro horrível de ferrugem é esse? Não, não é ferrugem... é sangue...

Ainda assim, aonde estou? Tenho a impressão que conheço esse lugar... Será que estou tendo mais um daqueles sonhos estranhos? Tenho tido eles todos os dias, desde que resolvi escrever meu diário... Mas eles parecem tão reais... A dor física, psicológica, os fantasmas das outras vítimas me atacando, todas as espadas e velas...

Mas ele nunca apareceu. Não aqui. Walter, tenho certeza de que já vi ele próximo ao apartamento... Os vizinhos também confirmam... Os cabelos longos, o sobretudo acinzentado... Era ele. Mas, por que não aqui, no mundo que ele criou, onde seus poderes não tem limites? Por que ele insiste em me deixar viver, pesquisando cada vez mais sobre sua vida... Anotando cada detalhe, inclusive de meus sonhos? Por quê? Tem algo a ver com o sussurro no cemitério? Algo como 'Doador de sabedoria', sim, eu me lembro bem...

Minha cabeça dói demais! Aaaahhhhh, droga! Por quê? Por... quê?... P...o...r..."

"Você é parte desse mundo agora, Joseph. Parte de meu mundo. Você não sabe o tamanho da sua participação no meu plano... Mas agora está feito. Suas memórias não serão perdidas. Assim como você é aquele que doou seu conhecimento sobre tudo, logo teremos aquele que aprenderá com suas memórias... Sim, o receptor da sabedoria está por vir... E, junto dele, o renascimento de minha querida mãe..."

Epílogo (FIM)

Mais alguns anos se passaram. O corpo de Joseph nunca foi encontrado, bem como seu diário e suas anotações. Alguns itens deixados para trás, rabiscos, desenhos, davam a entender que havia enlouquecido. E para muitos isso bastou: o choque de fazer uma matéria sobre crianças sendo torturadas por rituais pagãos e a obsessão por encontrar um assassino supostamente morto fariam qualquer um perder a razão.

De qualquer maneira, o planos de Walter estavam quase concluídos. Já sabia a identidade de todas suas próximas vítimas. Porém, a última peça, aquela que decidiria absolutamente tudo, acabava de entrar no tabuleiro: Henry Townshend estava se mudando para o apartamento 302. Agora, Walter precisava apenas envolvê-lo em seu mundo, fazê-lo sucumbir diante de seu poder... E logo teria seu sonho realizado: teria sua mãe de volta!


Ou não.



Fim
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Daqui pra frente é a história do jogo Silent Hill 4: The Room. Se quiserem saber como a história termina, joguem! ;)

Clique aqui para ler os capítulos anteriores.

Tenha bons sonhos, se puder...



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