A Maldição do Lobisomem – Parte 07
Medo

A Maldição do Lobisomem – Parte 07



“As regras estão gravadas em pedra
Quebre as regras e você não ganhará nem um osso
Tudo que conseguirá é que o ridicularizem, que riam de ti
E uma viagem para a Casa da Dor”

A Litania

A Litania é a grande canção das eras e contém as tradições, os códigos e as leis dos Lobisomens.
Todos os Lobisomens devem sabê-la de cor, e a maioria dos bons Lobisomens conhecem uma parte significativa da Litania. Alguns Lobisomens são verdadeiros mestres da Litania e até mesmo dominam a maioria de suas complexidades, o conhecimento ideal para se livrarem de vários problemas.
A Litania é intrincada e, muitas vezes, confusa, mas suas complexidades atendem mais a um sentimento poético que a um propósito de adoração. A aplicação prática da Litania é muito mais simples que os cânticos longuíssimos parecem indicar.
Os Lobisomens são um povo muito honesto, com pouca paciência para intrincadas manobras legais. Na maioria dos casos, um violador da Litania está bastante ciente das conseqüências de seus atos.
Seguem-se alguns dos dogmas básicos da Litania:

Não Cruzarás Com Outro de Tua Espécie

Devido às deformidades e psicoses exibidas pelos Lobisomens Impuros (e o preconceito secular contra os Impuros), os Lobisomens são proibidos de se acasalarem entre si. Os Lobisomens devem buscar parceiros nas sociedades humana ou lupina.
Este dogma corporifica uma das maiores tragédias Lupinas. Muitos Bardos Lupinos costumam levar as platéias às lágrimas com baladas sobre Lobisomens que se apaixonam e não podem expressar essa paixão, ou que o fizeram e foram feitos em pedaços por sua tribo ultrajada.
Mas o número de Impuros entre os Lobisomens demonstra que esta lei não é mais tão inviolável quanto já foi, decerto não constitui crime capital, embora seja motivo de grande vergonha para os perpetradores e suas linhagens.

Combaterás a Corrupção Onde Quer Que Ela Esteja

Os Lobisomens foram gerados, dizem os Bardos, para lutarem contra a corrupção e destruição da Mãe Terra. A maior parte da história de seus primórdios narra as batalhas entre seus grandes heróis e os lacaios da destruição.
A maioria dos Lobisomens honra essa tradição, pelo menos da boca para fora.
Nos últimos tempos, muitos Lobisomens esqueceram ou simplesmente ignoraram sua missão. Isso talvez tenha ocorrido devido à tensão política crescente, a competição por espaço para viver e a complexidade do mundo mortal.

Respeitarás o Território do Próximo

A prática deste trecho da Litania mudou durante os últimos séculos. Os humanos se espalharam tanto que se tornou impossível para um indivíduo marcar seu território com urina.
Ao entrar em território alheio, os visitantes ou imigrantes Lupinos precisam pedir permissão, entoando o Uivo de Apresentação. Mas há Lupinos que vivem em cidades que consideram pouco polido uivar em público e aceitarão receber um telefonema ou um fax de um visitante.
Muitos Garou mais jovens ignoram inteiramente este trecho da Litania, considerando-a “fascista”.

Aceitarás Uma Derrota Honrada

Os Lobisomens admitem que são uma raça em extinção e que os duelos entre espécies ocorrem naturalmente. Percebendo que uma rotina regular de batalhas até a morte não serviria a qualquer outro propósito senão permitir o avanço da extinção, Alguns Lobisomens incorporaram este elemento na Litania.
Em teoria, um combatente Lupino pode decretar o término de um duelo expondo sua garganta. O oponente está compromissado por honra a aceitar a rendição e o perdedor não sofre nenhuma redução, embora o vencedor certamente possa adquirir conceito perante a Tribo.
Na prática, este elemento não é invocado com freqüência. Certas Tribos consideram a derrota vergonhosa, e que se dane a Litania se diz o contrário. Muitos Lobisomens guerreiros perdem respeito considerável entre seus pares quando se rendem.
Além disso, os Guerreiros Lupinos são notórios por ignorar “acidentalmente” as rendições, retalhando as gargantas que lhes são oferecidas.

Submeter-te-ás aos Lupinos de Posto Mais Elevado

A natureza lupina dos Lobisomens praticamente impõe uma estrutura hierárquica dentro de sua sociedade. Por isso, implementaram os conceitos de Renome e Posto (veremos mais adiante).
Dentro dos limites da razão, qualquer requisição feita por um Lobisomem de Posto mais elevado deve ser obedecida.
Mas muitos dos jovens Hominídeos zombam da idéia de baixar as orelhas para um bando de esquálidos, encurvados e rabugentos velhos alfas de caninos rombudos. Muitos Lobisomens ignoram inteiramente este trecho da Litania e até argumentam com um sorriso escarninho, porque motivo passariam as vidas inteiras se submetendo aos velhos.
Outros Lobisomens igualitários defendem o direito de escolher a pessoa a quem respeitar. Muitos reforçam este édito com garras de ferro.

Darás o Primeiro Quinhão da Matança ao de Posto Mais Elevado

Este trecho da Litania é muito defendido pelos velhos Lupinos e relutantemente aceita pelo resto. A “Cláusula da Matança” também se aplica aos espólios de guerra, portanto, em teoria, os fetiches mais poderosos da presa e coisas semelhantes devem ser oferecidas ao Lobisomem de Renome mais elevado.
Por sua própria natureza, as matilhas sujeitam todos os dogmas da sociedade Lupina à interpretação. Poucas matilhas permitem que um membro receba a melhor parte todas as vezes. Um Lobisomem que tente impor este édito provavelmente será obedecido, mas deve estar preparado para aceitar as conseqüências de sua ganância.

Não Comerás a Carne dos Humanos

Este trecho da Litania foi o primeiro a ser cantado e sua inserção costuma ser creditada aos Lobisomens mais sábios. Eles atentam para o fato de que os Lobisomens que consomem habitualmente carne humana costumam ser infectados pela corrupção.
Por outro lado, os canibais enfrentam muitas dificuldades caçando e matando as caças mais difíceis, como ursos, rinocerontes entre outros. Além disso, nos tempos modernos, esta regra passou a servir uma função semelhante às “Leis Kosher”, que regem a alimentação dos judeus. As dietas carregadas de química dos humanos modernos tornam sua carne mais azeda e insalubre.
Alguns Lobisomens fazem pouco deste trecho da Litania. De fato, caçam e devoram humanos com freqüência. Embora não gostem de admitir isso, muitos Lobisomens que sucumbem ao frenesi acordam mais tarde com um gosto esquisito na boca.

Respeitarás Aqueles Inferiores a Ti, Pois Todos São Filhos da Mesma Força de Vida

Os Lobisomens tendem a pensar em si mesmos em termos comunitários e, portanto, percebem que a maioria das criaturas têm algo de bom a oferecer ao todo.
Esta Litania recorda aos Lobisomens que eles foram criados como protetores do mundo. O ideal cavalheiresco está muito em voga em algumas seitas e os Lobisomens que agem com bastante noblesse podem adquirir Respeito.
Mas alguns Lobisomens costumam obedecer a este édito apenas da boca para fora e o apagariam da Litania se pudessem. Muitos Lobisomens cinicamente ridicularizam a situação porque, como não há ninguém inferior a eles na hierarquia, não precisam respeitar ninguém.
Muitas assembléias tribais ignorarão um Lobisomem mais jovem, tomado pelo frenesi e na forma Crinos, que mata impiedosamente um ser inferior, como um cervo ou um humano.

Não Levantarás o Véu

Este talvez seja o trecho menos violado da Litania. Não há realidade aqui. Os Lobisomens estão cientes que são caçados. Os Lobisomens que desobedecem este édito morrem pelas garras de seus irmãos.
O Véu é para os Lupinos como a Máscara é para os Vampiros, ou seja, não revelar, jamais, sua existência, a não ser que não se tenha outra escolha.

Não Serás Fardo Para Teu Povo

Nos tempos antigos, um Lobisomem ferido, enfermo ou envelhecido era simplesmente feito em pedaços pelos seus pares. Porém, com o tempo, passou a ser considerado mais digno deixar que o próprio Lobisomem acabasse com sua vida.
Alguns Lobisomens acreditam piamente na morte natural e defendem seus velhos contra os ataques perpetrados por outras tribos. Alguns Lobisomens mais velhos ou feridos, particularmente aqueles fracos demais para mudarem de forma, aceitam a vergonha de retornar à sociedade humana ou lupina para morrerem.

Em Tempos de Paz, Poderás Desafiar Teu Líder a Qualquer Momento

Embora os Lobisomens sejam conhecidos por sua mentalidade voltada para a vida em matilhas, isto não significa que precisem obedecer a seus líderes como escravos. Se não houver nenhuma ameaça imediata pendente, um Lobisomem de Posto adequado pode desafiar outro pela posição de liderança.
Para tanto, é estabelecida uma espécie de competição. Se o desafiante vencer, ele assume o comando, se perder, deve aceitar de bom grado as ordens do líder.
Um líder extremamente forte e habilidoso costuma ser virtualmente imune a desafios. Algumas matilhas inescrupulosas prestam uma série de desafios subseqüentes ao líder, cansando-o e desta forma assegurando que pelo menos um membro da matilha obtenha a posição de liderança.
Certos líderes ardilosos entre os Lobisomens já declararam estados contínuos de lei marcial.

Não Desafiarás Teu Líder em Tempo de Guerra

Certas criaturas maculadas pela corrupção mostruosas em tamanho e poder, e nenhum Lobisomem pode derrotá-las. Para combater tais criaturas com sucesso, é vital estabelecer táticas de matilha, e a obediência é essencial para que essas táticas sejam bem sucedidas.
Nas batalhas, a palavra do líder é lei imutável. Um Lobisomem que desobedecer um superior será destruído assim que as circunstâncias permitam.
Se estiver claro que o líder é incompetente, corrompido ou sob o controle da magia, os juízes da matilha costumam ignorar a insubordinação de um Lupino cujas desobediências salvem uma matilha ou seita.
Infelizmente, a esse insubordinado é negado qualquer Renome por violação técnica da Litania.

Essas são algumas das chamadas “Leis” que imperam entre os Lobisomens. Como podem ver, eles também têm suas regras que devem, ou deveriam, ser seguidas para sua própria proteção.
Mais asiante, veremos sobre Renome, Conceito, Posto e outros detalhes.

Continua...
Walacionil Wosch



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