Medo
A Maldição do Lobisomem – Parte 03
“Para buscar o lobo em você
Fareje o vento, ouça a floresta
Sinta seus sentidos aguçados
E perceba que nada mais pode detê-lo”
A Sociedade Lupina
Mas, o que significa ser um lobisomem? Este assunto não é entendido facilmente nem por eles mesmos. Os Lobisomens não são nem humanos nem lobos, e sim uma raça única de criaturas. Em sua forma humana eles são tão parecidos com humanos que podemos descrevê-los usando as mesmas regras e características que descrevem os humanos. Apenas quando eles se metamorfoseiam são acrescentadas novas características, como a velocidade alucinante, as garras e presas ameaçadoras e a força e tenacidade incríveis que adquirem quando enfurecidos.
Estes relatos são sobre as pessoas, todos os tipos de pessoas, que fazem o melhor que podem para atravessar a vida depois que descobrem sua verdadeira natureza, que descobrem que não são os homens (ou lobos) que acreditavam ser. Na verdade, eles são Lobisomens. Os Lobisomens são tão lupinos quanto são humanos, e sua sociedade reflete este hibridismo. Durante eras os Lobisomens se reproduziram acasalando-se com humanos e lobos em proporções relativamente iguais, mantendo desta forma seu sangue relativamente puro.
Nos primeiros dias, quando os humanos eram poucos e matilhas de lobos percorriam soltas o mundo, os Lobisomens podiam escolher à vontade seus parceiros de acasalamento. Determinados grupos de humanos e lobos tornaram-se favoritos de certas matilhas e, desta forma, nasceram as diferentes tribos e linhagens.
Esses grupos tornaram-se conhecidos entre os Lobisomens como rebanhos, e grandes batalhas foram travadas pelos melhores rebanhos. Como o gene Lupino é recessivo, 09 entre 10 crianças nascidas são humanos ou lobos normais. Essas crianças também são imunes ao Delírio (veremos adiante) e muitas vezes ajudam seus irmãos em questões materiais. Mesmo os poucos que se tornarão Lobisomens passam suas infâncias como membros normais de suas espécies. Costumam ser vigiados à distância por sua família Lupina.
Os futuros Lobisomens são doutrinados de forma diferente. Eles têm sonhos estranhos e, algumas vezes, aterrorizantes. Muitas vezes vagueiam sozinhos por horas ou dias e são freqüentemente incapazes de se relacionarem com seus pares. Também costumam sofrer uma ânsia inexplicável. Entre os 10 e 16 anos de idade (se humano) ou entre 01 e 02 anos (se lobo), o futuro Lobisomem sofre outros traumas. Os lobos costumam ser banidos de suas matilhas, enquanto os humanos adolescentes são marginalizados ou internados em instituições. Nesse ponto, os Lobisomens da tribo se apresentam, raptando a criança e orientando-a durante o choque da primeira transformação.
O confuso, e muitas vezes traumatizado, adolescente Lobisomem aprende os rudimentos da cultura tribal. Depois disso ele e outros filhotes são submetidos a uma provação selvagem de inteligência e força. Os Lobisomens que sobrevivem ao Rito de Passagem são aceitos como membros autênticos, ainda que inexperientes, de sua seita e tribo.
Nos últimos tempos, os Lobisomens têm descoberto mais e mais humanos adultos (ou, muito raramente, lobos) que possuem potencial para se tornarem Lobisomens, mas que, de alguma forma, foram dados como perdidos por suas tribos e nunca submetidos a um Rito de Passagem. Esses indivíduos reprimiram tanto o aspecto lupino de si mesmos que não têm nenhuma noção de que o possuem. São conhecidos como Filhotes Perdidos, e podem enlouquecer ou morrer de depressão.
Restam tão poucos Lobisomens que a descoberta de um desses indivíduos perdidos é considerada um momento de grande alegria.
Continua...
Walacionil Wosch
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Nas alusões literárias mais antigas sobre lobisomens, os deuses utilizam a licantropia como punição. A idéia dos lobisomens como homens castigados também faz parte de inúmeros contos folclóricos, embora os deuses não façam sempre parte da história....
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