Sobre tal tipo de processos místicos entre bruxas e demônios, recomenda-se leitura do Malleus Maleficarum e sobre o Sabbath. Ora, verifica-se assim que a mais ancestral teologia hebraica revela que a bruxaria foi oferecida ás mulheres em troca do ato sexual com os anjos caídos, e assim nasce a arte da bruxaria tal como ela é conhecida.
Tanto as visões teológicas medievais, como as revelações místicas e apócrifas, são unânimes em encarar as bruxas como consortes (esposas) do Diabo, muitas das vezes apelidando as bruxas de "prostitutas do Diabo", ou "amantes do Demonio", etc... Um meio esotérico por via da qual se obtêm poderes ou favores dos "filhos das trevas".
Devido à forma essencialmente sexual por via da qual alegadamente as bruxas compactuariam com o Diabo para obter os seus poderes, as perseguições da Santa Inquisição Católica incidiram fundamentalmente numa violenta perseguição ás mulheres (especialmente as mais atraentes, pois essas eram consideradas uma verdadeira tentação do demonio) e seriam espiritualmente mais passivas de serem seduzidas pelo demônio através da grande tentação dos prazeres carnais.
A sedução satânica era considerada uma sedução realizada pelo Diabo ou pelos dos seus demônios, numa tentativa desses se infiltrarem nos corpos dos que se lhe oferecessem, assim possuindo-os. O que essas pessoas ganhariam em troca de serem possuídas através do sexo com os demônios, seriam poderes sobrenaturais, poderes ocultos cuja a fonte reside no poder satânico do próprio Diabo.
Satã é um anjo caído, e sendo anjo é um espírito. Pois sendo um espírito, Satã não tem corpo nem sexo. No entanto, foi considerado ou convencionado pela teologia religiosa como sendo um ser de essência masculina que ora procurava seduzir lindas mulheres a entregarem-se-lhe em troca da concessão de poderes sobrenaturais, ora procurava por homens que auxiliando-o na sua missão de corrupção e tentação, pudessem servir a Satã, ou seja, que trabalhassem para corromper belas mulheres a fim de as entregar á luxúria do demônio, sendo que por essa via também esses adquiririam poderes místicos infernais (bruxo).
I
procurava ter relações sexuais essencialmente com mulheres bonitas e com maior apetite sexual, tal como Eva teve relações com Lúcifer, ou outras mulheres tiveram relações com Satã e Azazel, em troca das quais receberam sabedoria e poder. Tal como aconteceu no passado histórico descrito nos escritos de Enoch, essas lindas, desejáveis e lascivas mulheres eram o «alvo» preferido do demônio, ao passo que as mais permeáveis á tentação da carne, sendo essas as bruxas;
II
ou então que o diabo procurava também homens que aceitassem servi-lo. E os homens poderia faze-lo submetendo-se ao poder do Diabo. Por via dessa submissão, renunciavam a Deus e oferendavam as suas belas mulheres o demônio, tal como Adão aceitou mansamente que Eva fosse amante de Lúcifer (dessa relação nasceu Caim), ou da mesma forma como os descendentes da tribo de Caim aceitaram que Satã, Azazel e os restantes 198 anjos caídos fossem amantes das suas esposas em troca de grande poder, saber e prosperidade; assim, acreditava-se que o homem que em troca de poder sobrenatural, compactuasse e participasse como o demônio na sua luxúria, tornar-se-ia seu servo e sacerdote, sendo esses os bruxos.
Dizia-se que dessas relações carnais nascia o pacto satânico que facultava os poderes sobrenaturais que as bruxas e bruxos possuíam, que eram na verdade os poderes das trevas, ou o «dom das trevas». Acreditava-se também que eram nas missas negras e nos Sabbath, que o pacto demoníaco era não só selado, como ciclicamente celebrado e repetido para agrado dos prazeres demoníacos.
Segundo tais versões mitológicas, uma bruxa seria sempre o resultado de um fenómeno de possessão consentida, ou seja, um espírito de bruxaria possuía a bruxa ou o bruxo, não contra a sua vontade, mas sim através de um ato de entrega voluntária por parte desses.
Na verdade, havia mesmo quem defendesse que essas bruxas e bruxos não possuíam poderes «em si» e «por si», mas antes eram consortes ou amantes do Diabo e que por isso, podiam invocar os favores de Satã ou da sua corte de anjos caídos, para realizarem as suas obras magicas neste mundo.
As teses que professavam que a Bruxa nascia de um Pacto com o Diabo assinado em sangue (sangue da própria bruxa) e celebrado através de sexo (com o próprio corpo da bruxa que assim se prostituía ao demônio), alegavam igualmente que uma das características identificativas das bruxas (de acordo com os manuais inquisitórios) é a «marca da bruxa».
Essa marca corporal confirmava que a bruxa era na verdade uma bruxa. A marca não pode ser um sinal de nascença, mas sim algo adquirido no momento em que o Diabo assume poder sobre essa pessoa, ou que o demônio escolheu essa pessoa para ser seu servo, aliado e sacerdote.
A «marca do Diabo» é um sinal deixado pelo demónio no corpo da bruxa como forma de assinalar a obediência dessa pessoa para com o Diabo. Tradicionalmente, acreditava-se que a «Marca do Diabo» era criada de diversas formas: ou pelas garras do Diabo ao passar pela carne do seu servo, ou pela língua do Diabo que tocando o individuo, lhe deixa a marca demoníaca.
Professava-se por isso que a «marca» podia-se manifestar em diversas formas: Uma verruga, uma cicatriz, um sinal, e especialmente um pedaço de pele totalmente insensível.
Nas teses ocultistas de magia negra, a «marca da bruxa», ou o «sinal do Diabo», possui o nome de: a «marca de Caim».
Hoje em dia muitos ocultistas acreditam que a «marca do diabo» não é na realidade uma marca física que é impressa pelo demônio no corpo da bruxa, (tal como um selo é marcado com ferro em brasa na carne de um animal), mas antes trata-se de uma marca espiritual que fica impressa na alma da bruxa, ou seja: o seu «nome espiritual», ou o seu «nome demoníaco», por oposição ao seu nome de baptismo cristão.
Alegam essas teses ocultistas, que quando um pacto é realizado, o demônio que apadrinhou uma bruxa concede-lhe um «nome espiritual», que é um «sinal» que ficará marcado para sempre no espírito de quem vendeu a alma ao Diabo. É com esse nome que a bruxa passará a viver, a trabalhar nas artes da bruxaria, e mesmo será recebida no mundo dos espíritos depois da sua morte neste mundo.
Outras crenças porem, apontavam para a natureza demoníaca da bruxa, defendendo que a bruxa já nascia bruxa, ou seja, a bruxa já nascia com um com um espírito de bruxaria dentro de si, pois tinha sido fruto de uma união sexual impura entre um humano e o demônio. Segundo essas teses defendidas em alguns manuais inquisitórios, a bruxa era um ser condenado, pois a alma humana da bruxa, ao conviver intimamente (desde a nascença) com o espírito demoníaco que habita no corpo dela, era uma alma impura, uma alma contaminada pelo espírito de feitiçaria, uma alma contagiada pelo espírito das trevas que habita no corpo da bruxa, uma alma condenada a não ingressar no céu e a permanecer eternamente aprisionada nesta terra. Dizia-se por isso que alma da bruxa nunca descansaria em paz após a morte, vagando neste mundo, procurando prazeres carnais, procurando instigar a atos de bruxaria, apadrinhando outros bruxos, atacando vitimas inocentes, etc.
Prova dessa mesma noção, encontramos no antigo Livro de São Cipriano, (Cap. V – Poderes ocultos – Secção 11, p. 183), onde o santo depois de ter renegado a bruxaria e se ter convertido á fé em Deus, ainda foi atormentado por fantasmas que eram os espiritos de bruxas mortas, vagando sem descanso por este mundo. Por isso mesmo a bruxa era queimada, pois julgava-se que pelo fogo era possível expulsar o espírito demoníaco daquele corpo, ao mesmo tempo que enviando a alma condenada da bruxa aos infernos de forma a que ela não pudesse regressar a este mundo para atormentar "os fieis de Deus". Outra forma de evitar que o espírito da bruxa regressasse a este mundo era amarrar o corpo da bruxa a uma pesada pedra e atirar a bruxa a um rio, ou a um poço, ou a um lago, acreditando-se que assim a alma da bruxa permaneceria enclausurada no corpo, não podendo abandona-lo para regressar a este mundo e «vampirizar» as pessoas.
Tais versões teológicas existentes na idade media, defendiam por isso um certo tipo de praticas medievais de combate á bruxa um certo tipo de forma de eliminação do espírito demoníaco da bruxa, da mesma forma que se defendia que um vampiro apenas poderia ser morto trespassando o seu coração com uma estaca e cortando a sua cabeça, ou que um lobisomem apenas poderia ser eliminado através do uso de prata e da sua degolação, ou que um demónio apenas poderia ser expulso deste mundo através do ritual de exorcismo e água benta, ou que o Diabo apenas respeitava o poder da cruz de Cristo.
Bruxas, vampiros, lobisomens, demônios e o próprio diabo, eram rotuladas criaturas da noite, todas elas vistas por uns como seres condenados e a eliminar , e por outros como forma de produzir algum tipo de resultado na sua vida. Seja como for encarada a origem da bruxa, acreditava-se que ao encomendar um trabalho a uma bruxa, estava-se encomendando o trabalho ao demônio que habitava nela, e em última instancia, ao próprio diabo, pois a bruxa era um representante do diabo na terra.
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