Afeção comum caracterizada por paralisia transitória total ou parcial dos músculos esqueléticos e arreflexia que ocorre no despertar do sono ou, menos frequente, quando o indivíduo cai no sono. Estímulos, como toque ou sons, podem terminar o episódio que normalmente tem a duração de segundos a minutos. Esta afeção pode ocorrer em indivíduos normais ou estar associada com narcolepsia, cataplexia e alucinações hipnagógicas. A patofisiologia desta condição está intimamente relacionada com a hipotonia (redução da força muscular) normal que ocorre durante o sono REM.
A paralisia do sono é uma condição na qual um indivíduo, quase a adormecer ou quando acaba de acordar, percebe que não consegue se mexer, falar ou gritar. Isto pode durar alguns segundos ou vários minutos.
As pessoas afetadas frequentemente dizem que sentem uma presença que é quase sempre descrita como maléfica, ameaçadora ou má. Um intenso sentimento de ameaça e terror é muito comum. É normal que a presença seja vagamente sentida ou que se encontre um pouco ao lado para poder ser visualizada, o que faz aumentar o interesse, e outras vezes encontra-se aos lados ou aos pés da cama, mas como o indivíduo está paralisado não consegue mover a cabeça para a poder ver. Em outras ocasiões a presença pode atacar, estrangular ou pressionar o peito da vítima, para o desespero desta.
Segundo os médicos, por mais estranho e assustador que isto possa parecer, trata-se apenas de um distúrbio do sono (mas será?).
Causas da Paralisia do Sono
A paralisia do sono acontece durante o período de sono REM, prevenindo assim movimentos corporais durante um sonho. Muito pouco se sabe sobre a fisiologia da paralisia do sono. Entretanto, já foi sugerido que ela pode estar relacionada à inibição pós-sináptica de neurónios motores na ponte do tronco cerebral. Particularmente, níveis baixos de melatonina podem interromper a despolarização em atividade nos nervos, a qual previne o estímulo dos músculos.
Alguns estudos sugerem que existem vários fatores que aumentam a probabilidade da ocorrência de paralisia do sono e de alucinação. Eles incluem:
Dormir de barriga para cima.
Agenda de sono irregular; sestas; privação de sono.
Stress elevado.
Mudanças súbitas no ambiente ou na vida de alguém.
Sono induzido através de medicamentos, como anti-histaminas.
Uso recente de drogas alucinógenas.
Sintomas
Paralisia: ela ocorre pouco antes da pessoa adormecer ou imediatamente após despertar. A pessoa não consegue mover nenhuma parte do corpo, nem falar, e tem apenas um controle mínimo sobre os olhos e a respiração. Esta paralisia é a mesma que acontece quando uma pessoa sonha. O cérebro paralisa os músculos para prevenir possíveis lesões, já que algumas partes do corpo podem se mover durante o sonho. Se uma pessoa acorda repentinamente, o cérebro pode pensar que ela ainda está dormindo, e manter a paralisia.
Percepções: Imagens e sons que aparecem durante a paralisia. A pessoa pode sentir presenças atrás dela ou pode ouvir sons estranhos. As percepções parecem-se muito com sonhos, possivelmente fazendo a pessoa pensar que ainda está sonhando. Algumas pessoas relatam sentirem um peso no peito, como se alguém ou algum objeto pesado estivesse pressionando-o. Há também pessoas que relatam terem saido do corpo, ou até "flutuar". Em projeciologia, este fenômeno natural é chamado de catalepsia projetiva, que são os momentos que precedem ou sucedem a projeção da consciência. Normalmente estamos inconscientes durante a projeção da consciência que ocorre durante o sono do corpo físico, mas alterações no padrão de sono, ou exercícios metódicos podem despertar a lucidez e trazer domínio da projeção da consciência.
Estes sintomas podem durar de alguns poucos segundos até vários minutos e podem ser considerados assustadores para algumas pessoas.
Prevalência da Paralisia do Sono
A paralisia do sono é um fenômeno extremamente comum que ocorre pelo menos uma vez na vida a 50% da população mundial. Reconhecem-se três tipos: as independentes, as relacionadas com outra patologia e as familiares.
As de tipo familiar são muito raras, conhecendo-se apenas alguns casos na literatura científica. Podem estar associadas a outra patologia, como a narcolepsia - entre 17% a 40 % dos indivíduos que sofrem de narcolepsia já experimentaram, pelo menos, um episódio de paralisia do sono. Também podem aparecer de forma independente em indivíduos saudáveis, sendo que nestes casos está associada a altos níveis de ansiedade e stress.
Os casos independentes ocorrem com mais frequência ao acordar, enquanto que os casos familiares e patológicos são mais frequentes ao adormecer.
A sensação de que se torna difícil respirar é uma consequência direta da paralisia dos músculos voluntários (atonia generalizada dos músculos esqueléticos, que ocorre durante o estado REM). Embora continue a haver uma respiração automática superficial, quando a pessoa tenta, sem êxito, respirar voluntariamente, é comum que experimente pânico e que se sinta como se estivesse a afogar-se. Quando ocorre a sensação de uma presença maligna, a pessoa sente a angústia de uma morte iminente.
Para voltar a conseguir mexer os músculos, aconselha-se calma. Recomenda-se fechar os olhos com muita força, dado que na maioria dos casos estão abertos ou entreabertos, ou tentar mexer zonas do corpo pouco a pouco, começando pelos dedos dos pés ou das mãos. Também serve tentar respirar profundamente, inspirando e expirando com muita força. Por último, se conseguir despertar, levante-se e fique um pouco em pé, para que ao voltar para a cama o episódio de paralisia de sono não se repita.
Tipos de Paralisia do Sono (teoria médica)
O tipo familiar é o mais raro. Deve-se à herança genética, ou seja, o problema está nos genes associados ao sono que são partilhados por vários membros de uma dada família. Pode surgir em qualquer altura da vida, sendo que depois permanece para sempre. A causa é uma mutação nesses genes que ocorre quando o material genético está a ser copiado, durante a divisão celular, um erro que surge naturalmente (como acontece com alguns casos de cancro), provocado pelos raios cósmicos (fotões de alta energia), pelo contato indevido com substâncias químicas ou ainda pelo fumo do tabaco.
O tipo patológico está associado a outros distúrbios de sono, como a narcolepsia ou o bruxismo. Nestes casos, a paralisia do sono é apenas um efeito secundário de uma dada patologia. É comum nos casos patológicos a paralisia do sono surgir ao adormecer, enquanto que nos casos familiares e isolados só surge ao acordar. Por isso, se um paciente apresentar esta condição ao adormecer é um forte sinal de que pode sofrer de narcolepsia ou bruxismo. Recomenda-se a medicação.
O tipo isolado é o mais comum. Está associado a altos níveis de ansiedade ou stress, provocados por um trauma recente como, por exemplo, um divórcio. Surge devido a alterações no processo normal do sono e desaparece logo que os níveis de stress ou ansiedade do paciente diminuem. Este tipo é responsável pelo facto de 50% da população mundial poder vir a sofrer de paralisia do sono, pelo menos uma ou duas vezes, durante a vida. Um sistema emocional em equilíbrio evita que ocorra.
Como se libertar da Paralisia do Sono
Existem algumas técnicas que se pode utilizar para sair do estado de paralisia o mais rápido possível. As mais eficazes são as seguintes: piscar os olhos incessantemente, tentar mexer apenas os dedos dos pés (tentar mover um braço ou uma perna, que são músculos maiores, atrasa ainda mais o despertar) ou respirar profundamente várias vezes seguidas (o oxigénio em excesso desperta o cérebro num instante).
Também é frequente a paralisia do sono ocorrer várias vezes durante uma mesma noite. Para evitar que ocorra mais do que uma vez basta, após despertar do primeiro episódio, olhar diretamente para uma luz forte durante um minuto, e aí voltar a dormir que certamente não ocorrerá mais nenhum episódio na mesma noite.
Como Induzir a Paralisia do Sono
Caso você nunca tenha tido essa experiência e tenha ficado curioso basta seguir os passoas abaixo.
São três as técnicas de indução da paralisia do sono:
I - Deite-se na cama de barriga para cima e com os braços estendidos paralelos ao corpo. Agora relaxe e não tente mexer mais o corpo, deixe-o assim mesmo e mantenha-se atento à sua respiração; sinta o ar a entrar e a sair dos seus pulmões e esqueça tudo o resto. Passados uns dez minutos vai sentir um formigueiro no corpo ou um zumbido no ouvido. Não se mexa e deixe tudo acontecer, porque o seu corpo já está a começar a paralisar e as "alucinações" começam a surgir passados uns segundos.
Tenha calma, lembre-se que as alucinações são produzidas pela sua mente, ou não, e disfrute da experiência. Se, por outro lado, começar a ficar aterrorizado e quiser sair do evento, pisque os olhos incessantemente ou respire profundamente que a paralisia passa na hora.
II - Evite comer à noite e deite-se de barriga para cima, com os braços estendidos ao longo do corpo. Procure escutar o som do seu coração, concentre-se nele e imagine-o a pulsar na ponta do nariz. Quando conseguir senti-lo mesmo na ponta do nariz, passe a senti-lo na orelha esquerda, nas pontas dos dedos da mão esquerda, dedos do pé esquerdo, pé direito, dedos da mão direita, orelha direita e novamente no nariz. Nesse momento, já começa a ver imagens dos sonhos. Tome cuidado para não adormecer e concentre-se nas imagens que está vendo.
Mantenha a calma, lembre-se que tudo o que vê é apenas um sonho, ou não. O medo e a provável presença maligna é apenas as amígdalas cerebelosas (acredita nessa parte?) - a parte do cérebro responsável por a emoção primária do medo - em excesso de atividade, não o reflexo de uma realidade exterior objetiva.
III - Sabe quando se deita para dormir e fica se mexendo de um lado para o outro até adormecer de vez? Você deita-se numa posição confortável e tenta dormir. Aí, sente que é melhor virar-se para o outro lado, e fica assim algumas vezes, sempre a mexer-se.
Então, desta vez, deite-se numa posição confortável e não se mexa. Quando chegar a hora em que lhe apetece virar para o outro lado, não se mexa. Controle-se. A vontade de se mexer vai aumentar, mas use a sua força mental e não se mexa de forma alguma. Ao mesmo tempo, tente relaxar, mas não adormeça. Permaneça concentrado e tente esvaziar a sua mente de qualquer pensamento.
O que acontece: o cérebro cria essa vontade de se mexer como um teste para ver se você já está "no ponto". Ou seja, você vai ficar se mexendo até o sono ser muito grande, aí, quando você não se mexer mais, o cérebro percebe que é hora de dormir e começa a "desligar" seus músculos (paralisia do sono). É dessa forma que o cérebro percebe quando você está pronto para dormir. Se você se controlar e não se mexer, o cérebro começa a desligar o corpo, só que com a mente ligada, que é o objetivo desta experiência.
Descrição de um paralisia no livro Moby Dick de Herman Melville
Ismael descreve a sua experiência com a paralisia do sono da seguinte forma: "Lentamente ao acordar, mergulhado em sonhos pela metade, abri meus olhos e a luminosidade da ante-sala agora estava envolta por trevas exteriores. Instantaneamente senti um choque que transpassou toda minha estrutura. Nada havia para ser visto ou ouvido, porém uma mão sobrenatural parecia estar sobre a minha. Meu braço caído sobre a colcha, e a inominável, inimaginável e silenciosa forma ou fantasma a qual pertencia a mão, parecia sentada perto ao meu lado. Pareciam eras e eras que eu estava ali, congelado com os mais temíveis medos, sem atrever-me a arrastar minha mão, mas sempre pensando que se pudesse mexer um único dedo, a horrível magia seria quebrada".
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