Hannibal Lecter é de Monterrey
Medo

Hannibal Lecter é de Monterrey


Por Diego Enrique Osorno (famoso escritor de crimes)

Hannibal Lecter, foi inspirado em um médico mexicano, cujo autor Thomas Harris conheceu enquanto visitava a cadeia para entrevistar outro prisioneiro, Dykes Askew Simmons. Através do meu editor, recebi uma mensagem de Harris, que queria que eu descobrisse a identidade de alguém que havia sido encarcerado na prisão do estado de Nuevo Leon durante os anos 50 e 60.

Por alguns momentos, eu pensei que iria sustentar um intercâmbio epistolar com Harris, como Hannibal fez com alguns de seus pacientes. Quando eu li a nota, entretanto, ficou claro que eu era apenas uma espécie de detetive contratado. Sua nota dizia:





Primeiramente, meu trabalho parecia ser muito simples. Com tantos detalhes, eu não pensei que seria difícil descobrir o nome do assassino que interessava tanto Harris. Eu comecei minha busca com um telefonema para o escritor Eduardo Antonio Parra, um dos mestres da literatura de crimes do nordeste mexicano, cujo trabalho muito admiro. Eu dei a ele todos os detalhes, mas, infelizmente, ele não conhecia ninguém que se encaixasse na descrição. Então, eu procurei por Hugo Valdés, autor de The Crime of Aramberri Street, um romance baseado em um incidente ocorrido no bairro de Antiguo, na cidade de Monterrey, na virada do século passado.

Novamente, sem sorte.

Logo eu recebi outra mensagem de Harris:



Eu, então, decidi um curso diferente de ação. Eu procurei dois ex-agentes do escritório do promotor, um ex-comandante e um ex-promotor. Eu perguntei a eles se eles lembravam de algum prisioneiro que preenchia a descrição de Harris, mas eles não conheciam. A pesquisa me levou a fazer um rápido índice dos principais crimes de celebridades dos anos 60 e 70 em Monterrey.

Foi quando Harris escreveu novamente, com mais algumas pistas:




Quando eu estava prestes a ir para a Capela de Alfonsina, na Universidade Autônoma de Nuevo Leon, para cavar a coleção de periódicos e verificar os jornais do final dos anos 50 e início dos anos 60, minha namorada me ligou para dizer um nome: Doutor Ballí. Ela, uma ávida leitora de todas as formas de contos criminais, tinha investigado com amigos e família e acabou encontrando o cara de Harris. Todo o meu trabalho duro foi superado por algumas conversas informais da minha namorada.

Uma vez sabendo o nome, decidi me aprofundar um pouco mais. Eu encontrei uma história sobre Ballí escrita em 2008 e com uma curiosidade: Ele foi o último prisioneiro condenado à morte no México. Sorte do doutor. Sua sentença foi comutada e, depois de uma longa estada, ele deixou a prisão no ano 2000. O título da história é Eu não quero reviver meus fantasmas e é de autoria de Juan Carlos Rodriguez, um antigo amigo e colega do jornal Milenio.

Eu liguei para ele para perguntar sobre sua experiência com o médico.

- “Você se lembra de uma entrevista que você fez com um médico sentenciado à morte?” Eu perguntei.

“Alfredo Ballí Treviño?”

- “Sim. Você sabe se ele ainda está vivo?” Perguntei.

“Não sei. Eu acho que sim. Eu me lembro, mais ou menos, onde ele vivia e trabalhava (como médico), embora tecnicamente ele não poderia estar trabalhando por ser um ex-presidiário”.

- “Tem mais detalhes?”

“Não muito. Na verdade, essa entrevista surgiu porque um advogado nos disse onde poderíamos encontrá-lo, e nós o encontramos”.

- “Seu consultório era em Colonia Talleres?”

“Sim. Foi muito austero. Eu não me lembro o número exato da rua”.

- “O que aconteceu com ele? Ele ainda está vivo?”

“Eu acho que sim”.

Usando as informações fornecidas por Juan Carlos Rodriguez e informações recolhidas na coleção de periódicos, eu preparei um dossiê volumoso para Harris, que eu resumi da seguinte forma:


Harris respondeu com agradecimentos. Agora eu sei que ele precisava da informação para concluir o prólogo para a edição de aniversário de 25 anos de O Silêncio dos Inocentes. No texto, publicado na Times, Harris narra que, aos 23 anos, ele viajou até Monterrey para entrevistar Dykes Askew Simmons. E lá ele conheceu uma figura que o inspirou a criar Hannibal Lecter. Em seu texto, ele se refere ao homem como Dr. Salazar. Dr. Salazar é o Dr. Ballí, e o Dr. Ballí é o alter ego do Dr. Hannibal Lecter que, sob o domínio de Harris, possui uma forma singular e sinistra de falar, que nunca esquecerei.

“Você já viu sangue na luz do luar? Parece bastante negro”.

Tradução e postagem original: O Aprendiz Verde




loading...

- O Experimento Filadélfia
Hoje publico aqui no Noite Sinistra um texto falando de umas das teorias da conspiração mais famosas que cirtulam por aí. Trata-se do Experimento Filadélfia. Venham comigo encarar mais esse tormento... Em 1955, um livro intitulado “The expanding...

- William “the Mutilator” Macdonald: O Mutilar De Sidney
 William “The Mutilator” MacDonaldWilliam “The Mutilator” MacDonald, Sydney. Australia, 1961 William MacDonald, O Mutilador, “Dick Hunter” (Caçador de “Pinto”), como era conhecido, foi um serial killer que agiu entre 1961 e 1962,...

- La Planchada
Os espíritos dessas mulheres ainda estão inquietos, por isso rondam os hospitais ajudando os doentes, médicos e familiares. "La Planchada" é o nome que se deu a lenda mais famosa de enfermeira fantasma no México, se diz que esta mulher ronda diversos...

- O Caso De Reencarnação De Shanti Deva
Shanti Devi nasceu em 1926, em Delhi. Aos 3 anos começou a falar sobre seu marido e seus filhos. No inicio os pais gostaram porque acreditavam que ela via neles uma familia feliz, mas depois isso passou a preocupar os pais, pois Shanti não brincava...

- Quanto Pesa Uma Alma?
Em uma crença do Egito antigo, o deus da morte, Osíris, colocava o seu coração ou a alma na bandeja de uma balança, e do outro lado uma pena. Se a alma fosse livre de qualquer pecado, seria mais leve que a pena e Osíris saberia que a pessoa estaria...



Medo








.