Dicas dos Leitores: O medo primitivo
Medo

Dicas dos Leitores: O medo primitivo



Galera atormentada...Essa semana, dia 22-04, foi agraciado com um comentário do nosso amigo Alexandre Silva, e esse comentário deu origem a essa postagem. O Alexandre fez uso do campo Dicas de Postagens, onde ele escreveu: 

"Ola, conheci a pouco mais de um mês o seu blog, através de um de seus parceiros.
Já que você abriu esse espaço, eu gostaria de uma resposta sua, não uma resposta cientifica, mas sim uma resposta pessoal.
Por que o cérebro animal desenvolveu a capacidade de sentir medo, seria isso apenas para nos manter sempre em segurança ou você tem uma outra teoria?"

O medo é um dos assuntos mais interessantes, ainda mais para um blog que fala de terror e curiosidades bizarras. Eu adorei a ideia de escrever a esse respeito...espero que o texto tenha ficado a altura do tema, que na minha opinião é ótimo.


O que vem a ser o medo?
Fazendo uso das definições dos dicionários, podemos indicar que a palavra medo significa uma espécie de perturbação diante da ideia de que se está exposto a algum tipo de perigo, que pode ser real ou não. Pode-se entender ainda o medo enquanto um estado de apreensão, de atenção, esperando que algo ruim vá acontecer.

Para além das definições da palavra, o medo é uma sensação. Essa sensação está ligada a um estado em que o organismo se coloca em alerta, diante de algo que se acredita ser uma ameaça.

O medo é um estado de alerta extremamente importante para a sobrevivência humana. Uma pessoa sem medo nenhum pode se expor a situações extremamente perigosas, arriscando a própria vida, sem medir as possíveis consequências trágicas de seus atos.

A origem de tudo.
Vamos considerar o medo uma sensação. Essa sensação é, na minha opinião, uma das mais primitivas sensações do reino animal. O medo, de uma maneira natural, não levando em conta as fobias, se relaciona com a nossa visão da vida, com nosso aprendizado, e até experiência.

Para entendermos o princípio do medo na nossa espécie, podemos fazer uma analogia com o medo dos nossos amigos bichos. Neles o medo é algo instintivo, mas também relacionado ao aprendizado. Quando digo aprendizado, não relaciono apenas o aprendizado que os filhotes adquirem observando os adultos, mas o aprendizado decorrente da sua vivência. Tome como exemplo o seguinte ditado: "Cão mordido por cobra, tem medo de linguiça". O animal aprendeu a ter medo, por conta de uma experiência traumática. Cito agora um exemplo pessoal: Eu resido em uma pequena cidade do interior, mais precisamente na área rural da cidade. Aqui o povo tem o costume de fazer cercas eletrificadas para conter o gado dentro de áreas de pastagem. O choque dessas cercas não é forte (falo por experiência, pois já tomei várias descargas elétricas proveniente desse tipo de barreira de contenção), mas esse choque é o suficiente para gerar um grande "respeito" por parte do gado, e até mesmo em cães (menos em mim...rsrs). Esses animais não tinham o instinto de evitar o arrame de choque, não conheciam esse medo, mas logo que um animal novo acaba por levar uma descarga, ele aprende a respeitar, mesmo sem entender o que houve.

O cenário descrito acima se aplica também ao ser humano, principalmente no inicio da existência da nossa espécie. Sentir medo, seja ele decorrente do instinto, ou de aprendizado, é essencial para o desenvolvimento dos mecanismos de defesa de qualquer animal, seja um mecanismo individual ou coletivo. Animais de hábitos solitários possuem táticas de defesa diferentes de animais de hábitos coletivos. Enquanto alguns procuram se esconder e fazer uso da camuflagem, outros se juntam, transformando o bando em uma adversidade grande demais para o predador. Com o ser humano não foi diferente. Dotados de capacidade cerebral, e munidos de medos, tivemos que aprender a usar ferramentas, tanto para caçar, como para nos defender de predadores, e posteriormente nos defender de nós mesmos. A própria vida em bando e organização social derivam do medo ao meu ver.

Eu acredito que o que torna o ser humano um animal que vive em bando, é algo presente no nosso instinto, algo que vem dos nossos ancestrais primatas. E muito provavelmente essa característica de coletividade se originou da necessidade de se defender de predadores, ou seja, o medo criou uma necessidade de nos anteciparmos ao predador. Vejamos alguns grupos de macacos: Eles vivem em bando, e quando um dos indivíduos avista uma possível ameaça, esse membro da sociedade emite um alerta sonoro, avisando a todos do grupo que existe perigo. Os demais membros retransmitem o sinal sonoro e se colocam em alerta. Essa é uma das táticas usadas por esses animais para se defender. Esse alerta é emitido a partir de um sinal de perigo, e reconhecer o perigo, no caso dos animais, está relacionado ao medo. 


O Instinto
Menciono muitas vezes o termo instinto. Instintos são típicos do comportamento animal, sobretudo com relação a comportamentos que favorecem a sobrevivência da espécie (acasalamento, busca de alimento, construção de ninhos, fuga). Os comportamentos instintivos podem assumir formas muito complexas, com longas sequências de ações especializadas para determinados fins. Instinto é algo genético, é algo incorporado ao ser. Muitas criaturas evoluíram através dos tempos, como uma forma de melhoramento. Eu acredito que algumas espécies que evoluíram características "defensivas", provavelmente o fizeram em decorrência do aprendizado baseado em medo. O instinto também possui referências psicológicas, mas, sinceramente, não possuo bagagem para falar disso. Todos possuímos vários instintos, e muitas vezes eles entram em conflito, assim depende das características do indivíduo escolher qual instinto seguir.

Mas o nosso amigo Alexandre perguntou: "Por que o cérebro animal desenvolveu a capacidade de sentir medo, seria isso apenas para nos manter sempre em segurança ou você tem uma outra teoria?". Eu acredito que os mecanismos do medo foram de suma importância para a evolução das espécies, esses mecanismos estão diretamente ligados a nossa segurança. Para mim, o medo original, aquele que começou a surgir quando as criaturas ainda não possuíam a bagagem instintiva de hoje em dia, é decorrente de duas coisas. Eventos de causa e efeito, e o desconhecido.

Eventos de causa e efeito são aqueles que mencionei acima, como o choque e o cachorro com medo de linguiça. Uma interação entre o gado e choque, ensinou ao animal que aquele arrame é perigoso. Talvez, hipoteticamente, depois de milhares de anos, essa interação negativa, vai acabar gerando um instinto no gado, o instinto de evitar aquele maldito arrame.

O medo do desconhecido é algo mais íntimo. Nem todo mundo reage da mesma maneira, isso vale para seres humanos, e para animais. Algumas pessoas tem medo de extraterrestres, outras nem tanto, afinal se eles existirem, eles podem ou não ser uma ameaça, ou seja esse medo é muito particular de cada um, geralmente por causa da associação que a gente faz do assunto. O que a gente não entende, a gente associa com algo conhecido, e é esse algo conhecido que vai ser determinante para o nosso medo. Com os animais não é muito diferente.  

O que torna os humanos impares no nosso habitat terrestre, é nossa capacidade de entender as coisas. Somos capazes, na maioria dos casos, de entender o motivo pelo qual temos medo de tal coisa, e também porque devemos ter medo de outro elemento ou criatura. Isso nos dá a possibilidade de criar diversos mecanismos de defesa, ou mesmo de cometer alguma estupides, como meter a mão em um fio eletrificado (ver eu). Eu entendo os risco, entendo a causa e logo eu posso dominar a situação...mas nem sempre é assim. Muitas vezes essa confiança elevada joga contra a gente. Medo em excesso pode ser sinal de alguma doença, ou fobia. Agora se um indivíduo não possuir medo algum, isso acaba prejudicando o seu bom senso, fazendo com que essa pessoa acabe tomando algumas atitudes estúpidas.

Como o organismo reage ao medo?
O medo é uma sensação em consequência da liberação de hormônios como a adrenalina, que causam imediata aceleração dos batimentos cardíacos. É uma resposta do organismo a uma estimulação aversiva, física ou mental, cuja função é preparar o sujeito para uma possível luta ou fuga. Antes de sentir medo, a pessoa experiencia a ansiedade, que é uma antecipação do estado de alerta. Entre outras reações fisiológicas em relação ao medo, podemos citar o ressecamento dos lábios, o empalidecimento da pele, as contrações musculares involuntárias como tremedeiras, entre outros.

Em alguns casos, o organismo reage de forma exagerada ao medo, fazendo com que esse estado de alerta, benéfico em muitos momentos da vida, transforme-se em um estado patológico, quando o medo se transforma em fobia. A fobia se trata de uma antecipação do medo ou da ansiedade. Sua característica mais importante é o comprometimento da relação que o sujeito estabelece com o mundo que o cerca. No caso da fobia, o medo não prepara o indivíduo para decidir entre lutar ou fugir, ele o paralisa, impede que se relacione com o objeto de seu medo.

Finalizando
Esse é um assunto muito amplo e passível de diversas interpretações e opiniões, por isso mesmo é que ele é fascinante. Na minha opinião, o medo é um agente evolutivo de grande importância, para a grande maioria das espécies animais da terra. Para o ser humano, o medo é algo intimo de cada um, o que causa medo em mim, para alguns de vocês pode ser algo divertido. Varia muito de cada um. Com animais selvagens também é assim, mas o comportamento deles ainda está muito atrelado ao instinto, o que assegura uma certa homogeneidade dentro das espécies.

Quero agradecer a participação do nosso amigo Alexandre Silva, que propôs esse assunto. E quero convidar todos vocês a participarem...Como vocês podem ver, o texto deixou alguns elementos interessantes para trás, justamente para que vocês meus caros amigos e amigas, façam as suas observações nos comentários...Uma discussão educada e centrada em boa ideias é sempre bem vinda...Participem...todos são sempre muito bem vindos!!!

Quando amanhecer, você já será um de nós...

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