Medo
A lenda do vampiro de Croglin Grange
O vampiro de Croglin Grange é uma das mais conhecidas histórias de vampiros da Grã-Bretanha. A história supostamente real, foi descrita pela primeira vez na literatura em um livro chamado "Em minha vida solitária", escrita por Augustus Hare. Quem lhe contou a história foi um certo Capitão Fisher. Tratava-se de uma típica história vampiresca do século XIX.
A lenda conta que a casa chamada Croglin Grange, em Cumberland, foi alugada a três irmãos — dois homens e uma mulher, os Cranswells. A construção erguia-se solitária numa encosta, e tinha apenas um pavimento. No início do século XIX a família Fisher se mudou para uma propriedade maior, deixando-a alugada aos Cranswells.
Todo o frio e longo inverno passou tranqüilo para os inquilinos. Numa noite de junho, como a lua brilhava intensa, a irmã Cranswell resolveu deixar abertas as venezianas da janela, mantendo a parte de vidro fechada. Sentada na cama olhando para o jardim, ficou intrigada ao ver duas luzes amarelas movendo-se por entre as árvores. Logo percebeu que pertenciam a um homem, e que este agora atravessava o jardim e se dirigia à sua janela. Ela correu para a porta, que ficava perto da janela, e viu "uma face hedionda com olhos flamejantes" a fitá-la. No mesmo instante, notou que a criatura começava a abrir a janela. Por demais atemorizada, não se moveu quando ele alcançou o trinco e ganhou o peitoril da janela. A criatura segurou-a pelos cabelos e mordeu-lhe a garganta. Nesse momento, ela recobrou a voz e gritou.
Os irmãos, dormindo em quartos separados foram despertados por um grito agudo alto que parecia abalar as paredes da casa, ambos correram para o quarto da irmã. Depois de arrombarem a porta, um deles ainda pôde ver o intruso fugindo pelo jardim e desaparecendo para os lados do cemitério da igreja.
Miss Cranswell sobreviveu ao ataque e, quando ela era forte o suficiente para viajar eles a levaram para a Suíça para se recuperar no ar fresco da montanha, e por fim todos os três retornaram a Croglin Grange, convencidos de que a criatura seria um maluco qualquer. O inverno seguinte passaram em paz e sem nenhum alarme.
Depois, em março do ano seguinte, uma noite a moça foi de novo despertada por um ruído de alguém que mexia na janela — mais uma vez divisou aquele rosto escuro olhando para dentro do quarto. Dessa vez gritou logo. Os irmãos, ao invés de correrem para o quarto, saíram pela porta da frente e dispararam alguns tiros na direção do vulto que fugia pelo jardim. Ele cambaleou, mas conseguiu correr. Os irmãos perseguiram-no até o cemitério e viram quando ele entrou numa crípta.
No dia seguinte foram até lá, acompanhados pelos moradores de Croglin Grange. Tudo estava calmo, mas notaram que a porta da cripta estava entreaberta. Entrando se depararam com uma cena horrível. Haviam restos dispersos de caixões quebrados e ossos humanos roídos . Um caixão estava sozinho no canto e parecia ter sido deixado de lado pelo caos. Os moradores arrancaram a tampa do caixão, no interior envolto em roupas mofados estava o que parecia ser um vampiro. Seus olhos estavam frios e sem vida à luz do dia, e trazia o ferimento de um tiro em uma das pernas da criatura. Arrastaram o caixão com seu conteúdo demoníaco para fora da igreja e queimaram o lote a cinzas.
A história parece das mais improváveis; nem mesmo Hare ´parece acreditar nela. Mas pode muito bem basear-se num fato. Ninguém parecia saber de onde esta estranha criatura veio, ou porque ela tinha permanecido quieta nos séculos de paz, quando os Fishers ainda viviam na propriedade. Só podemos supor que durante o período de abandono, um horror foi retomado e não voltaria para descansar após a casa ter sido reocupada.
Uma pesquisa recente por Lionel Fanthorpe sugere que a história é muito mais antiga do que a relatada. A capela e a abóbada mais perto da casa foram demolidas, e um segundo andar foi adicionado à casa após esta data. Assim, a descrição da história encaixaria muito melhor no século XVII do que no século XIX.
Fonte: Forget the Fear
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